sexta-feira, 13 de maio de 2011

O BOM FILHO A CASA TORNA

Por Michel Cruz Adaid


Paralamas do Sucesso Rock in Rio 1985

Tudo começou em 1985 no Rio de Janeiro, numa época em que o Brasil vivia o fim da ditadura militar. E após 10 anos realizado entre Lisboa, em Portugal e Madrid, na Espanha, a oitava edição do Rock In Rio 2011 será realizada no Brasil entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro para a alegria de apaixonados por música. As vendas se encerraram no dia 08 de maio pela internet e segundo o site oficial do evento, foram comprados 600 mil ingressos para seis dias de apresentações.


Um dos ansiosos pelo inicio do evento é o designer Flávio Silva. Natural do Rio de Janeiro e residente em Belo Horizonte, são muitos os fatores que fazem a expectativa pelo festival muito forte. “Pela volta do evento ao Brasil, pelas bandas que estão envolvidas e pela animação e aflição do público já nas vendas de ingressos a expectativa é muito grande. Essa ansiedade é grande desde a espera pelo ingresso até a hora da apresentação da banda que você tanto quer assistir”.

Dois fatos curiosos giram em torno do universitário Filipe Frossard Papini. Essa ida ao Rock In Rio será uma oportunidade dele superar o medo de avião, algo que ele tem medo desde pequeno. A outra aconteceu com o irmão dele, que conseguiu ingressos na “sorte”. “Quando todos os ingressos já tinham acabado, ele conseguiu comprar através de uma promoção de uma conhecida rede de postos de gasolinas. Ele já sabia previamente que uma promoção iria ser aberta. Poucos ingressos seriam vendidos. Quando divulgaram no Twitter, rapidamente ele agilizou a compra e adquiriu o bilhete. O curioso disso é que poucas pessoas sabiam dessa promoção e ele foi esperto para conseguir descobrir isso e conseguir sua vaga no evento”.

Guns and Roses Rock in Rio II
E ver o cantor ou a banda favorita exige sacrifícios e economias. Antecipadamente, o ingresso para um dia de apresentações era vendido por R$190,00 e R$95,00 a meia. Em alguns sites, foram oferecidas entradas a R$500,00. “Você deixa de sair um pouco, fecha a mão durante alguns meses, começa a pedir abrigo via internet ou para amigos que moram próximo à Cidade do Rock no Rio. Sem contar que não comprei o Rock In Rio Card (cartão que funciona como voucher na Cidade do Rock), esperando a confirmação de mais bandas então o desespero é ainda maior para comprar em cima da hora. Site congestionado ou horas na fila, mas que no final acaba valendo a pena e virando história para contar”, diz Flávio Silva.



ROCK IN RIO E SEU TRABALHO

O pontapé inicial do espetáculo será dado no dia 23 de setembro. Caberá às bandas Titãs e Os Paralamas do Sucesso a missão de inaugurar a edição 2011 do Rock in Rio. A banda Guns n’ Roses encerrará as festividades no dia 2 de outubro. Neste intervalo de tempo, nomes como Skank, Capital Inicial, Metallica e Elton John são apenas alguns dos artistas que vão dar o ar de sua graça e brindar o público com seus respectivos repertórios de sucesso.

Mesmo assim, cantores que fogem do segmento rock como Elba Ramalho, Carlinos Brown, e nessa edição Ivete Sangalo têm seu nomes carimbados no evento. E mesmo com essa “mistura de hits,” o crítico musical Jamari França acredita que isso não descaracteriza o Rock In Rio. “Ao longo de seis dias de festival não daria para ser só de rock, para isso teria que ser condensado em, no máximo, três dias. Então ele se propõe a atender vários publicos para que todos possam ir ao festival e assistir seus artistas preferidos. É bom lembrar que a palavra rock em inglês também significa agitar, balançar, dançar, o que dá um outro significado ao nome do festival”.

Na sua primeira edição, o festival foi um dos momentos que op brasileiro teve para extravasar a liberdade conquistada após 21 anos no Regime. E apesar disso, hoje o Rock In Rio não terá outra ideologia popular a não ser o saudosismo das outras edições. “Hoje em dia o Rock in Rio vai ser um grande acontecimento com altos e baixos nas atrações musicais, hoje corriqueiras no país e algumas até de presença anterior aqui. Ele se escora em oferecer muitas outras atrações na Cidade do Rock impulsionado por um forte marketing que o transforma numa espécie de programa obrigatório, uma aura de que quem não for está por fora”, afimou França.

De acordo com a produção do evento, as vendas de ingressos representam sinônimo de sucesso. No mês de novembro do ano passado, somente 10% das atrações havia confirmado presença no festival, 100 mil unidades do Rock in Rio Card foram vendidas. Ao todo, foram comercializadas 600 mil entradas para prestigiar o evento. Deste montante, 55% correspondem a compradores de fora dos limites do estado do Rio de Janeiro. “Pelo tamanho é um festival dedicado ao mainstream, ao gosto do publico aferido em pesquisas, daí pode até ser entendido como mais forma do que conteúdo, mas a proposta tem mais a ver com o perfil de balneário do Rio do que com a preocupação de trazer atrações que sejam mais consistentes. Isso nós temos ao longo do ano por conta de uma agenda lotada de boas atrações estrangeiras”, diz Jamari França.

A venda oficial de ingressos para esta edição começou no dia  7 de maio e acabou quatro dias depois. Um segundo lote de bilhetes estava nos planos para serem vendidos no mês de junho. Chegou a ser anunciado que a partir do dia 1º de junho, o ingresso iria custar R$220 a inteira e R$110 a meia-entrada. Porém, segundo uma mensagem postada no Twitter oficial do evento, a organização afirma que, "foram vendidos todos os ingressos para os seis dias do festival. Não haverá segundo lote à venda nas bilheterias ou na internet". Entretanto, as esperanças não estão perdidas para quem deseja conferir os espetáculos.

Para quem não garantiu sua entrada no evento, resta à possibilidade de faturar ingressos por meio de concursos ou ações promocionais planejadas pela cúpula do Rock in Rio e/ou por seus patrocinadores.



LOCALIZAÇÃO

O festival será realizado no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro. Com a reforma do Estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2011, a cidade perdeu o maior e principal local para eventos internacionais. O espaço ainda está em construção pela prefeitura do Rio em parceria com o empresário e idealizador do Rock In Rio Roberto Medina. As obras começaram no dia 9 de dezembro e tem previsão para ficar pronta em setembro, com um custo de R$ 37 milhões.

No Brasil, as edições de 1985 e 2001 foram realizadas no Complexo Esportivo Cidade do Rock, próximo ao Rio Centro, em frente às futuras instalações do Parque Olímpico. Nos Jogos Pan-americanos de 2007, foram realizadas no local partidas de baseball e softbol. Já em 1991, o Rock In Rio foi realizado no Maracanã, onde recebeu um público de 700 mil pessoas, em nove dias de evento.

Comercial Rock in Rio 2011




segunda-feira, 9 de maio de 2011

Adolescentes e o Culto a Beleza

Por Sheile Almeida

A preocupação com a beleza está em alta: aumenta o número de adolescentes nas clínicas estéticas.
Limpeza de pele, depilação, manicura, fazer as sobrancelhas, tudo isso passou a ser prioridade entre a nova sociedade de consumo. Cresce cada dia mais o número de adolescentes que sentem a necessidade de estar sempre belos. Preocupados com a beleza e em estar na moda o espelho pode ou não ser o melhor amigo, porque é nesta fase que os adolescentes começam a sofrer com as imperfeições estéticas que afetam várias partes do corpo como: cabelo, pele, formato do corpo.
Geralmente insatisfeitos com a aparência e preocupados com sua imagem os adolescentes de várias faixas etárias e níveis sociais passaram a adotar um novo estilo de vida e renderam se as clinicas de estética sem poupar esforços.
Adolescentes entram na moda

Passar pelas fases de transformações no corpo durante a adolescência não é uma tarefa fácil. Qualquer coisa que esteja fora dos padrões de beleza ditados pela sociedade vira motivo de gozação, exclusão do grupo e pode levar até ao isolamento dentro de casa. Na tentativa de evitar esses inconvenientes, cada vez mais os adolescentes buscam o corpo perfeito nos consultórios de cirurgia plástica.
Segundo no ranking mundial de cirurgias plásticas e referência quando o assunto é profissional especializado, o Brasil realizou, em 2010, 700 mil intervenções, 15% em adolescentes entre 14 e 16 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A cirurgia plástica em adolescentes ainda é muito polêmica, mas fato é que o aumento dessa procura nas clínicas de cirurgia plástica aumentou muito nos últimos anos.

Para Caroline de Almeida e Silva, 17 anos, Freqüentadora de clínicas de estética, os adolescentes estão mais vaidosos por causa da variedade de produtos para aparência. Ela afirma que as propagandas e amostra grátis de produtos tem sido o fator principal de aumento da presença de adolescentes nos salões de beleza. Outro motivo é a auto-estima, Caroline acredita que o cuidado ajuda na confiança, uma cara nova faz a diferença.
Aumenta o número de adolescestes que freqüentam clínicas de estética




Alguns afirmam que freqüentam as clínicas de estética para agradarem os namorados, como no caso Sílvia dos Santos Vianna, 16 anos, que garante ser muito vaidosa, principalmente quando o tema é seu cabelo. “Sou muito preocupada com a combinação das roupas, gel para o cabelo é fundamental, mas não tenho coragem de usar cera quente para depilar as pernas, finalizou”.

Tratamentos

Existe hoje uma variedade muito grande de serviços oferecidos pelas clinicas de estéticas, porém, alguns são básicos e estão disponíveis na maioria dos centros de Estéticas existentes, com o principal objetivo de reabilitação ou melhora estética dos clientes, que passam por avaliações de profissionais habilitados.

Alguns serviços facilmente encontrados:
-Limpeza de pele
-Tratamento de acne
-Hidratação/nutrição facial
-Rejuvenescimento/revitalização facial
-Discromia - tratamento para manchas de pele
-Bronzeamento artificial
-Tratamento contra flacidez muscular
-Tratamento de estrias
-Hidratação/nutrição corporal
-Clareamento de axila e virilha
-Banho de lua/clareamento de pelos
-Depilação
-Drenagem linfática
-Drenagem linfática pré e pós-operatório
-Endermologia – tratamento de celulite
-Massagens anti-stress

O mercado

O Brasil é o terceiro mercado consumidor de produtos de higiene e beleza do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos e do Japão. Em 2008, o setor registrou R$ 21,2 bilhões em volume de vendas.
Muitas são as alternativas de serviços prestados, os centros de Estética apresentam um crescimento acelerado e devem estar focados no conjunto de atividades a serem oferecidos para seus clientes, procurando assim identificar o perfil de sua clientela. Elaborar projetos, evitando assim, oferecer produtos inadequados ao seu tipo de cliente.
Estarem bem localizados e preparados profissionalmente é uma grande tarefa, a ser realizada pelos Centros de Estética, mas já se pode contar hoje com grande avanço da tecnologia em Estética, Beleza e cosmetologia, com isso a qualidade dos serviços prestados vem apresentando avanços significativos com isso novos empreendedores estão entrando no mercado.

A Temida depilação

O adolescente ás vezes tenta impor respeito dizendo que não sente dor, mas, quando o assunto é depilação, eles realmente devem se preocupar. De acordo com Cristiane Oliveira, que trabalha a 10 anos em uma clínica de estética, existe uma dificuldade com a depilação. “Alguns dizem que não está doendo, afirmam que é apenas falta de costume”, contou Cristiane sobre o que acontece durante a depilação.
A esteticista explica que o processo é bem simples: consiste na aplicação da cera quente, coloca-se o “paninho” e puxa-se, na direção contrária ao crescimento do pelo. Depois de retirar todo o pelo, é feita uma máscara para esfoliação e, em seguida, usa-se um creme relaxante, já que a pele fica muito vermelha.
Segundo Cristiane, é grande o número de pessoas que desistem da depilação “Muitos fazem á primeira vez e nunca mais voltam, principalmente porque a primeira depilação pode sangrar”. Mas, existem também aqueles que fazem questão de se depilarem, mas para Cristiane um exemplo curioso: alguns de seus clientes não esboçam qualquer tipo de reação, “ele relaxa, e até dorme”. Conclui ela.

SAINDO DA CAVERNA CULTURAL

Júlia Gracielle jrn6

“...Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.”

O texto acima foi retirado do clássico “Mito da Caverna” perfeitamente narrado por um dos maiores filósofos da história, Platão. Quem ainda não teve a oportunidade de saborear esta alegoria, faça-o. Em síntese o que pretendo mostra é com que alguém possa sair da própia caverna e que conheça algo novo, que pudesse tirá-lo de uma verdadeira hegemonia cultural. Para tanto lançamos um desafio.


Viaduto Santa Tereza




O desafio
J.I: Você conhece a cultura Hip-Hop?
M.R.S: A fundo não.
J.I: Gostaria de participar de um desafio e conhecer?
M.R.S: Sim! (Receioso)
Perfil do Desafiado
Nome: Moisés Rodrigues da Silva
Idade: 24 anos
Profissão: Coordenador de controle de qualidade
Cidade: Santa Luzia
Atividades: Estudante
Estilo musical: Pop rock nacional
Literatura: “Nem gosto de ler! Só revistas em quadrinho.”
Lazer: Viajar e futebol

A batalha

Sexta-feira, dia 15 de abril de 2011. São 21h45 em Belo Horizonte, mais especificamente no centro da cidade, onde se reúnem aproximadamente 400 jovens, sob o histórico viaduto Santa Tereza. O local que fica próximo à Praça da Estação, à essa hora da noite recebe em suas vias largas milhares de pessoas, muitas estão indo para casa depois um dia de trabalho, outras estão chegando para aproveitar a noite em boates, barzinho, e tem aqueles que ficam para curti mais um Duelo de Mc’s. A temática de hoje é: O HIP-HOP E A CIDADE. Para que o duelo aconteça é necessário que haja pelo menos 10 inscritos. Cada um paga o valor simbólico no valor de R$2,00, e o vencedor leva o dinheiro arrecadado. Desta vez foram 16 desafiantes que de dois em dois subiam ao palco para levantar para o público, rimas inteligentes e surpreendentes. Mas naquela noite dois mestres de cerimônias foram implacáveis em suas rimas e fizeram toda a diferença. Ficaram para a final Destro e Inti que precisavam de 5 rounds, a decisão do público e dos juízes foram a mesma que era o empate.


Viaduto Santa Tereza




O projeto

O evento acontece todas as sextas-feiras, sendo um dos mais tradicionais em BH, que reúne jovens adeptos da cultura hip-hop. De acordo com o organizador Junior Silva – Juninho como prefere ser chamado: o objetivo é difundir a cultura através das batalhas que os próprios mc’s realizam improvisoriamente. O evento tem como objetivo fortalecer a cultura em Belo Horizonte, proporcionando aos jovens uma opção que não seja a criminalidade. Juninho diz: “Nós fazemos questão de ressaltar que não é necessário a violência para sermos ouvidos. Muito pelo contrário, quando usamos a força física, ela se volta contra nós e ai só saímos perdendo. A música, a dança e o grafite são ferramentas que o hip-hop nos dá para que possamos expressar nossas opiniões de maneira inteligente”. Além dos duelos, cada semana um DJ é convidado para tocar e outros artistas da vertente do hip-hop têm a oportunidade de mostra os próprios trabalhos durante os intervalos.

A iniciativa de organizar o movimento foi de um grupo de amigos, que surgiu depois que Belo Horizonte sediou uma etapa da Liga dos MC's. No dia 24 de agosto de 2007, cerca de 40 pessoas se reuniram na Praça da Estação para fazer uma “disputa” de rimas. Com o passar do tempo os encontros que inicialmente eram casuais e entre amigos, começou a atrair outras pessoas que também têm o mesmo gosto cultural. Assim sendo formado o grupo Família de Rua e o encontro tomou as proporções vistas até hoje.


Viaduto Santa Tereza





Um pouco de história

O inicio da cultura hip-hop ocorreu na cidade de Nova Iorque-EUA, no bairro chamado Bronx. No ano de 1960, Bronx mostrava um cenário de violencia, droga e preconceito. Os primeiros adeptos do movimento eram negros e pobres que viviam nos chamados guetos, a idéia da cultura recém nascida, era fazer algo para que chegasse até aquelas pessoas, ou que tivesse opção de lazer. Mas que não sabiam que com a própria voze pudesse chegar aos ouvidos dos governos locais, pois estes gritavam por paz, justiça e igualdade racial.



O ícone do hip-hop na época de 1960 chamava-se Kool Herc, um DJ que “inventou” o chamado Toast - modo de cantar de maneira fraseada e com rimas bem elaboradas, trazendo na mensagem idéias polêmicas como sexo, droga, política ou até mesmo assuntos do dia-a-dia. A cultura alicerçou-se em 4 elementos, que são utilizados até hoje: o MC, que é a pessoa que cria e canta a rima; o DJ que faz a instrumentação das letras; a dança do breakdance e por fim o grafite.



E nos guetos brasileiros

No Brasil, a cultura Hip-Hop chegou no início da década de 80. A princípio não houve nenhum boom musical. Pelo contrário os adeptos começaram a caminhar com passos bem pequenos. No Brasil, o hip-hop conquistou primeiro, através da dança de rua. Um dos marcos na história da cultura no Brasil foi em 1983, a Globo colocou na abertura da novela das 20h, “Partido Alto”, dançarinos de break.

O resultado do desafio

Mais uma sexta-feira é coroada com O Duelo de MC’s. Uma das mais marcantes manifestações culturais em Belo Horizonte. Apesar de pouco conhecida continua resistindo às dificuldades, como a falta de apoio governamental e por falta de apoio da própria sociedade civil. “Muitas pessoas preferem julgar, ao invés de vir e conhecer o movimento que faz tão bem pra tantos jovens, ou que poderiam estar envolvidos com a criminalidade”, desabafa Delfo, dançarino de break que mora na favela do São Tomáz e participa de todos os encontros da Família de Rua tanto no Viaduto Santa Tereza quanto nas ações realizadas nas comunidades. Diferente destes que Delfo citou, Moisés que aceitou o desafio diz: “Pude perceber que o hip-hop fala através das roupas das pessoas que seguem o movimento, através da dança, da arte feita pelos grafiteiros. Vocês viram que desenhos bacanas eles fizeram lá no viaduto? Até ontem, pra mim isso não passava de pichação. As letras que eles cantam falam até mesmo da minha vida, do meu bairro que deveriam ser contemplado com ações sociais. No final, o resultado do duelo foi: CULTURA 1 X 0 PRECONCEITO. Tire suas conclusões e vejam mais uma vez, que Platão estava certo. Vale a pena sair da caverna?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pelo ar ou pela web?

O rádio, tal qual o conhecemos, em sua forma mais tradicional, é um senhor com mais de 100 anos de idade. Tanta história é justificada pelo fascínio causado por uma das invenções mais importantes do ser humano. O rádio é muito mais que um aparelho formado por receptores e transmissores, que opera com ondas eletromagnéticas. Este equipamento representa, para muitos, a proximidade, o encurtamento das distâncias, o companheiro que está ao lado, pronto para ouvir e ser ouvido. Mas se toda essa história nos revela a força deste meio, ela também nos mostra que o caminho até 2011 não foi exatamente fácil, repleto de questionamentos e adaptações. Se o surgimento da televisão causou calafrios em parte dos fãs mais fiéis do rádio na década de 40, a internet fez arrepiar, mais recentemente, uma outra parcela desses seguidores. Juntamente com os sites e com essa nova forma de comunicação surgiram novas indagações. Entre as últimas questões estão o surgimento e a atuação das webradios. A interligação de computadores em uma rede mundial, e suas consequências, pode representar o declínio das transmissões de rádio por ondas? As webradios irão ocupar o tempo e espaço dos atuais ouvintes de rádio FM e AM? Essas ditas “rádios da internet” são as emissoras customizadas do futuro?

Kaiser acredita que não há razões para se questionar a força do rádio
Para quem trabalha com rádio diariamente, o poder do meio ultrapassa qualquer possível barreira colocada pelas novas tecnologias. De acordo com o diretor da CDL FM, Kaiser Henrique, não há motivos para duvidar da força do rádio, seja agora ou no futuro. Para ele, o surgimento de novas tecnologias deve ser visto como algo positivo, que aumenta e não reduz o poder do rádio. “Se olharmos para trás veremos que o radio já foi condenado com a entrada da TV, do CD, DVD, MP3, Ipod, entre outros, mas nada alterou de uma forma que pudéssemos verificar como perda. Pelo contrário, todas as tecnologias lançadas colocaram o sintonizador de rádio em sua plataforma. Ou seja, o rádio hoje está a alcance de mais pessoas, vai mais longe por conta da internet, podendo ser ouvido em qualquer lugar do planeta, com melhor qualidade e mais interatividade”. No entanto, Kaiser faz um alerta para aqueles que não estão antenados com as novidades impostas pelo mercado. “O mundo tecnológico de hoje potencializou o rádio, mas só vai conseguir tirar proveito disso quem for esperto. Quem gosta de ouvir rádio vai continuar ouvindo, independentemente de outras tecnologias lançadas. Se pegarmos a cobertura do meio de anos atrás e compararmos com a cobertura de hoje, veremos que ela cresceu. Há mais pessoas no mundo e mais pessoas se ligando, homens, mulheres, crianças, gente de todas as classes sociais, raças e culturas”.

Existem mais de 1800 webradios no país
Para os estudiosos no assunto, como a jornalista Nair Prata, autora do livro "Webradio: Novos Gêneros, Novas Formas de Interação", as rádios criadas exclusivamente para a internet têm como característica principal a segmentação. Em entrevista concedida ao jornalista Filipe Serrano, para o jornal Estado de São Paulo, a pesquisadora afirma: “Aquela figura da rádio que fala para todas as pessoas está acabando porque o rádio fala cada vez mais para públicos específicos”. O site www.radios.com.br lista 1854 webradios no país, dados de abril deste ano. Entre os 20 sites mais acessados dessa listagem, nove oferecem uma programação de músicas evangélicas, o que pode ser entendido como um claro direcionamento de conteúdo. O mesmo raciocínio é defendido pelo jornalista da OI FM, Leobaldo Prado. “Webradios são produtos altamente direcionados. Só funcionam quando têm um propósito claro, específico mesmo: rádios de rock, rádios de esportes radicais, rádios de humor, de jazz etc”. No entanto, quando o assunto é uma possível substituição das emissoras tradicionais pelas webradios, Leobaldo é categórico: “Não acredito nisso. Na web, a oferta é muito grande, a concorrência é gigantesca, muitos produtos acabam se perdendo na chamada 'cauda longa' da rede. O dial ainda é muito forte e continuará a ser encarado como um espaço de maior valor agregado, para qualquer cliente, por um bom tempo. Além do mais, é possível estar no dial e estar também na web. O contrário não, pelo menos não necessariamente”.

A especificidade gerada pelas webradios começa a atrair a atenção das empresas e das agências de publicidade. Para o gestor de projetos da Libra Comunicação, Humberto Mainenti, as webradios podem renovar a forma de se fazer rádio. “Trata-se da possibilidade de reinventar o meio e de customizá-lo em níveis nunca antes imaginados”. O publicitário também não acredita que haverá a substituição de um modelo por outro, especialmente porque há ainda grandes obstáculos internos, como a falta de um amplo acesso à internet. “Quando falamos em públicos específicos, para os quais o acesso à internet é garantido e esse hábito é consolidado, não há objeção à introdução de uma webradio em um plano de comunicação. Pelo contrário, vejo as webradios, nesses casos, como interessante ferramenta. Mas, quando tratamos de comunicação em massa, vejo esses modelos como um meio restrito. Parece contraditório, já que não há nada mais universal e democrático que a internet, mas o número de pessoas sem acesso à rede é grande, o que torna o investimento em webradios algo ainda limitado”.

Por Leo Ribeiro

Apresentações teatrais a dois reais atraem público em BH

Por Poliana Abreu

O grupo de teatro “Espanca!” realiza pela segunda vez em Belo Horizonte a “Espanca à mostra”.  Até o mês de julho, o público poderá conhecer o trabalho da companhia pagando apenas R$2.

Segundo a produtora do Espanca, Aline Vila Real, a mostra pretende muito mais do que divulgar o trabalho realizado. “Serão, ao todo, 12 apresentações de cada espetáculo que, a preços populares, pretende estimular na platéia a paixão pelo teatro”.

Amores Surdos - foto divulgação

O Ator e um dos fundadores do grupo Espanca, Marcelo Castro, diz que é importante deixar os trabalhos à mostra porque poucos grupos fazem isso. Ressalta ainda que Belo Horizonte é carente desse tipo de iniciativa e a ideia de contemplar todos os trabalhos do grupo vem do fato de as peças, em conjunto, representarem uma espécie de progressão do pensamento teatral, uma identidade do Espanca, uma forma de mostrar a força das relações humanas no mesmo curso em que as peças foram produzidas. Marcelo nos fala que para eles seria mais fácil se manter em cartaz com uma peça só, por um determinado tempo, como fazem as outras companhias. Mas esse é exatamente o desafio, recriar criar a linha de raciocínio que eles, produtores, tiveram para que o público entenda quais foram os passos percorridos.

Cena do espetáculo Amores Surdos - foto: João Marcos Rosa
A sensação de estarrecimento, ao sair de uma apresentação, de que as relações humanas sejam realmente o pano de fundo para essas criações, nos deixa reflexivos. Talvez até por isso o nome da companhia nos incomode tanto após ter assistido a uma de suas produções. O espancamento quase passa a ser físico. Perguntado sobre a razão da escolha do nome do grupo, Marcelo explica de uma forma tão sutil que a confusão se instala novamente. Quem estava convencido de que fora para ser massacrado, agora sente como são as relações e qual é o peso delas para os envolvidos no processo de criação. Segundo Marcelo, o nome “Espanca!” vem de uma frase da primeira peça, Por Elise, “tem coisa que espanca e espanca docemente”, e como o grupo estava procurando por uma coisa forte e que falasse dessa urgência e da violência que são as relações humanas, achamos que encaixava. A espectadora, Fabianna Castro, entende que é uma forma de expressão livre e próxima do cotidiano das pessoas, “quem nunca conheceu uma família assim”, comenta.

A produtora do grupo, Aline Vila Real, diz que essa mostra faz as pessoas se aproximarem mais do mundo do teatro, da cultura e até do mundo real, humano, além do fato de ajudar a divulgar o trabalho do Espanca. 


Ingressos

Com a sede do grupo fixada desde janeiro ao lado do Nelson Bordello, na rua Araão Reis, o Espanca divide a atenção com os vizinhos, que atraem um público igualmente alternativo e reativo. Os Ingressos se esgotam rápido, diz Aline. A lista de reserva, feita com três dias de antecedência, contempla por vez 40 pessoas, mas o público não se intimida e aparece em peso, na expectativa de conseguir comprar os ingressos na hora. A lista de espera com os excedentes de domingo passou de quarenta nomes e a todo o momento chegava “mais um”. Com o Bordello fechado, Aline revezava os redirecionamentos,  ora mandava os retardatários para o espaço CentoeQuatro, ao lado da Praça da Estação, onde haveria outra apresentação, no mesmo horário, ora dava o número de telefone do grupo para quem quisesse participar da lista de reserva da próxima semana.


Incentivos

Atualmente, o grupo participa do Projeto Manutenção, da Petrobras, que foi o que possibilitou ao Espanca ter a sua primeira sede própria. Segundo Marcelo, esse incentivo é bastante específico e bacana, pois através dele o Espanca tem podido divulgar mais o seu trabalho, realizar várias oficinas e participarem regularmente de cursos. Para o segundo semestre, ele adianta que, terão mais três oficinas para o público e que o site está em processo de reformulação. Mas as novidades não param por aqui. Marcelo nos adiantou que em 2012 o Espanca estreia peça nova, com texto e direção do diretor argentino, Daniel Veronessi. Agora é acompanhar e aproveitar a temporada a preços super populares!


O Grupo

Nascido em 2004, em Belo Horizonte, o grupo já produziu três peças independentemente, são elas: Por Elise, Amores Surdos e Congresso Internacional do Medo, sendo premiados em variados concursos.

Por Elise
Vencedor dos prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Shell de Melhor Texto Teatral 2005. 
Listado pela revista Bravo! como um dos 100 melhores espetáculos de artes cênicas produzidos nos últimos oito anos no Brasil.
Grupo indicado ao Prêmio Shell na Categoria Especial, pela criação e concepção do espetáculo. 

Amores Surdos - foto divulgação
 Amores Surdos
Projeto de criação do Prêmio Estímulo às Artes – Auxílio Montagem – da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes.
Premiado no Usiminas Simparc (categorias Melhor Atriz e Texto) 
Grupo indicado ao Prêmio Qualidade Brasil, Prêmio Shell SP 2008 (categorias de melhor texto, direção e cenário).

Congresso Internacional do Medo
Projeto de criação vencedor do II Projeto de Co-Criação do Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.


 Parcerias

Em parceria com os grupos: Grupo XIX, de São Paulo (SP), e a Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba (PR), o Espanca realizou no ano de 2007 um encontro de teatro, com o objetivo de criar um espaço para o intercâmbio e para a reflexão artística. Essa ação recebeu o nome de "Acto 1" e deu tão certo que já teve realizada a segunda temporada, intitulada "Acto 2", que foi quando dessa vez os parceiros trouxeram a BH, trabalhos próprios e produções resultantes das parcerias, como Marcha para Zenturo e Barco de Gelo.

Era uma vez em Belo Horizonte...

 

Conhecido pelos moradores da capital mineira há vários anos, o escritor e desenhista Celton vende suas revistas no tumultuado trânsito da cidade

Celton vendendo as revistas no centro de Belo Horizonte

Por Bruna Ávila, Dayane Lima, Hévila Oliveira


Combates entre seres mitológicos e figuras cotidianas em frente ao Mineirão, perseguições na Praça Sete, encontros amorosos em esquinas de Belo Horizonte, escândalos de políticos famosos. Estas são cenas das revistas em quadrinhos escritas por Lacarmélio Alfeo de Araújo. Foi sentado em uma árvore na Praça da Estação, em meio ao barulho dos ônibus, carros e pedestres, que o autor, conhecido na capital como Celton, nos contou sobre a sua história e sobre as revistas.
A figura, sempre vestida com terno e gravata amarelo, é reconhecida por vários motoristas que passam pelos corredores movimentados de BH. Celton vende as suas histórias, de mesmo nome, em meio ao trânsito intenso da cidade. Já chegou a publicar mais de 40 mil exemplares de uma única edição, e já produziu cerca de 50 títulos sobre os mais variados temas. Na opinião dele, o sucesso da revista se deve a seu trabalho, dedicação e disciplina.
Celton largou a agência de publicidade em que trabalhava como desenhista para investir no mundo dos quadrinhos. Começou a produzir as revistas em 1981 e as primeiras publicações foram comercializadas em bancas da capital. A falta de divulgação acarretou em vendas pouco lucrativas, para Lacarmélio, que havia feito empréstimos para financiar a publicação.

O desenhista resolveu vender as revistas por conta própria em bares, escolas, teatros e faculdades. O dinheiro que ganhava com as vendas não era suficiente para arcar com suas despesas. E em busca de uma solução foi morar nos Estados Unidos, onde desempenhou atividades como desenhista e cantor. Chegou a tocar debaixo de pontes em Nova Iorque para conseguir dinheiro e voltar ao Brasil.

Ao retornar para o país, e pagar as dívidas adquiridas pela revista, suspendeu o projeto. Embora não fosse um negócio lucrativo, as HQs (histórias em quadrinhos) eram a paixão do autor, que voltou a produzi-las em 1998. “Eu voltei com a revista porque não conseguia ficar longe dela, não tinha jeito,” revela. Após diversas reformulações, a revista Celton passou a ser vendida no trânsito, como acontece até hoje.

Segundo o autor, a opção por assuntos populares e cenários cotidianos dos cidadãos da capital, foi a alternativas, que ele encontrou para transformar a publicação e aumentar as vendas. “A revista tinha muita influência de histórias americanas e os nomes dos personagens eram todos em inglês” afirma.

A fidelidade aos traços da cidade é fruto de muita observação e pesquisa por parte do autor. O tempo para produção de cada um dos títulos muda conforme o assunto. Em média, o autor leva um mês para a produção, porém em obras que exigem uma pesquisa mais profunda, pode demorar mais, como no caso da revista intitulada “O Fantasma de Ouro Preto,” que levou um ano para ser concluída.


“Produzo, basicamente sobre assuntos regionais, mas estou tentando fugir disso, por causa de São Paulo,” conta o autor, que já começou a vender as revistas na capital paulista. “A tática de falar sobre os assuntos populares vai se manter, os cenários é que vão ser específicos. A próxima aventura começa em São Paulo e termina em BH” afirma o desenhista.

A identificação do público com os personagens e cenários é inevitável. E Lacarmélio coleciona em Belo Horizonte um número razoável de leitores assíduos. Entretanto o autor não acredita na possibilidade de manter um público fixo. “Se a revista cair de qualidade o público fiel desaparece,” conta.


As pessoas que compram a revista Celton admiram o esforço do escritor e consideram que ele faz um bom trabalho. “É uma forma super inusitada, divertida que marcou. Uma super estratégia que deu certo!,” elogia Inara Silveira, 27 anos, que trabalha como editora de imagens. Ela ainda conta que já leu diversas histórias, é cliente há cinco anos e a revista preferida é a da loira do Bonfim.

“A verdade é que gosto de um bocado de histórias. Mas acho que essa me marcou mais. Na época, comprei a revistinha porque começaram a me chamar de loira do Bonfim. Fiquei sem entender e fui buscar informação. Me falaram da revista, corri e garanti a minha. Ai me deparei com uma lenda urbana, que adorei. Bem, mas a verdade é que, até hoje não sei por que me chamavam assim,” confessa a moça.

Um dos maiores problemas para os cidadãos de uma grande metrópole são os engarrafamentos. Para Celton, essas situações são as mais viáveis para angariar boas vendas. Ele fica em pontos variados da cidade, sempre em busca de lugares de grande movimento. Os principais corredores de venda são as avenidas Bias Fortes, Cristovão Colombo e Antônio Carlos.

Embora o próprio autor não se considere um agente valorizador da cultura, as histórias em quadrinhos contribuem para o aprendizado das crianças e são um estímulo para aqueles que querem adquirir o hábito da leitura. Ainda que os quadrinhos trabalhem com a linguagem verbal e visual, a utilização das imagens é predominante, o que colabora para a disseminação das informações.

Para o doutor em comunicação e professor da USP
Waldomiro Vergueiro “a junção imagem e texto é oferecida pelos produtos quadrinhísticos aos seus leitores e representa uma forma narrativa única, exclusiva deles, que faz o caminho para a leitura da palavra escrita muito mais ameno e agradável” .  Para ele, é essencial que os quadrinhos levem a leitura de outros tipos de textos escritos ou literários.

Ele ainda afirma que a revista Celton encaixa-se no estilo de produção independente e por isso não é um estilo procurado pelas editoras. “E
ntendo que os quadrinhos de Celton não despertaram o interesse das editoras devido à forma como ele os produz. Ele é um produtor independente, que não se adequaria às exigências de uma editora.”

Ao contrário das editoras, o professor, que também é fundador e coordenador do Observatório de histórias em quadrinhos da USP, tem um apreço especial pelo trabalho de Lacarmélio. Inclusive escreveu um texto sobre o autor que foi publicado na enciclopédia especializada espanhola
Del Tebeo al Manga. “Celton é quase parte do folclore da cidade”.
As histórias falam de Belo Horizonte, mostrando a vida de pessoas simples e suas dificuldades cotidianas, narrando as peripécias de um herói sem máscara, sem uniforme e sem identidade secreta, que ajuda a todos e enfrenta bandidos comuns,” explica o doutor.

O reconhecimento do trabalho do quadrinhista é grande, principalmente quando leva-se em consideração o tipo de produção, completamente independente e inusitada. O esforço tem sido recompensado e o autor já recebeu condecorações na capital mineira, expôs seu trabalho no 4º festival internacional de quadrinhos e na La mostra Mineira de Zines, em 2005.
O surgimento das revistas em quadrinhos no Brasil

O dia nacional dos quadrinhos é comemorado no dia 30 de janeiro. Seu surgimento no país foi a partir do século XIX, através das criações de Ângelo Agostini. Nos quadrinhos predominavam mais os estilos satíricos, conhecidos como cartoons, charges, caricaturas e depois a tira que foi considerada o estilo nacional de fazer quadrinhos.

O estilo tiras também se destacou por ser usado como forma de protesto na década de 60, conhecido como período militar. Elas eram publicadas nos jornais, inclusive no Pasquim, e foi um meio usado pelo povo para declarar a insatisfação que reinava naquela época.

Mesmo o Brasil possuindo grandes artistas, a influência americana, japonesa e europeia predominavam na criação dos quadrinhos. Os mais influentes continuam sendo os quadrinhos comics produzidos pelos americanos e os mangás pelos japoneses.

Os quadrinhos têm uma grande importância social
e política na história do país. A primeira revista de quadrinhos surgiu em 1905, era chamada ‘O Tico Tico, com trabalhos de artistas nacionais como J. Carlos. Foi a partir deste período que as criações começaram a aumentar e muitas produções surgiam a cada dia. Concursos eram feitos para a escolha de novas histórias para os famosos quadrinhos de Flash Gordon e Mandrake, que fazem parte da história nacional das revistinhas.

Ainda na década de 30, o Grupo Globo, de Roberto Marinho, publicou a revista Gibi, de tão popular, incorporou seu nome às revistinhas em quadrinhos no país. Em 1951, foi realizada a primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos na cidade de São Paulo (talvez a primeira exposição do tipo no mundo). Logo, nos anos 50, surgiram os quadrinhos de terror. Não demorou, e logo surgiram artistas que até hoje são consagrados por suas obras, é o caso de Ziraldo (criador do ‘Menino Maluquinho) e Maurício de Souza, criador das revistinhas “Turma da Mônica”.






Um pouco sobre o Celton...



Celton produz as revistas em seu próprio estúdio.


- De reformulação da revista no ano de 1998, os Quadrinhos Celton estão na sua 26ª edição.

sde a
- A tiragem que vária em média de dois mil exemplares por edição vem crescendo a cada nova história.  

- A revista mais vendida foi “O combate da sogra com o capeta”, dela foram feitas várias reimpressões e tornou-se o maior sucesso de público das histórias dos Quadrinhos Celton.

- O formato da revista segue o padrão de capa colorida e páginas internas em preto e branco desde a sua primeira edição.

- Celton Já chegou a publicar mais de 40 mil exemplares de uma única edição.

- O personagem Celton e sua namorada estão presentes ao longo de todas as edições das revistas.

- Os cenários da capital mineira, os pequenos detalhes dos espaços urbanos são figuras que ilustram os quadrinhos.    

- O autor já recebeu condecorações na capital mineira, expôs seu trabalho no 4º festival internacional de quadrinhos e na La mostra Mineira de Zines em 2005.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Admirável fôlego novo

Sucesso de popularidade, peças de improviso são a sensação da mídia e arrancam risos.

Os Barbixas são sucesso no meio do improviso teatral

Por: Filipe Papini e Rafael Luis

    Na plateia alguém grita, ou escreve um tema no bilhete, e envia ao palco. Não há restrição a nenhum assunto. Tão logo recebem a ajuda que vem do público, os artistas passam a exercitar a criatividade. Precisam, a partir do tema escolhido, criar e encenar uma história. Começa o espetáculo. Depois disso, num jogo de completa interação, os atores precisam pensar rápido pra manter a cena de pé. E isso não significa que ela precise fazer sentido o tempo todo. Precisa ser, principalmente, engraçada. Afinal, é o tom cômico que tem dado novo fôlego a esse gênero, até recentemente pouco popular no teatro brasileiro: as peças de improvisação.
    Desde os primeiros espetáculos, o humor predominava na maioria das apresentações de improvisação. Quando começou, no século XV na Itália, os cenários e figurinos eram escassos e os artistas, que eram o elemento principal, se apresentavam em praças da cidade ou na corte. O gênero, relacionado a uma forma de teatro chamado Commedia Dell’arte, satirizava escândalos, eventos e manias. Não muito diferente dos dias atuais.
    É justamente a sátira do cotidiano um dos principais motivos para o sucesso explosivo e recente das peças de improvisação. A reportagem esteve em alguns desses espetáculos. Neles, os artistas procuram fantasiar em torno dos assuntos mais banais do dia-a-dia. O gênero vem dos Estados Unidos, onde é conhecido pelo nome de “Comédia Observacional”. “É impossível não se reconhecer em vários temas que a própria plateia ajuda a criar”, revela a estudante Sandra Leão, fã incondicional do gênero. O público, inclusive, é outro segredo do sucesso das peças de improvisação.
    Para Márcio Ballas, um dos mais conhecidos e importantes improvisadores do Brasil, a plateia tem uma participação fundamental. Ela é coautora do espetáculo. “Eles participam ativamente, a própria concepção de luz do espetáculo é diferente porque tem que ter luz no público. O tempo todo. Todo mundo tem que ver e ser visto.”, revela. Tão importante que a plateia é tratada a mimos e recebe até caipirinha em uma das peças de Ballas. Para ele, nada mais justo que, uma vez artista, o público também se sinta à vontade. “A gente sempre teve a preocupação de o público entrar e sentir a recepção calorosa. Então teve a ideia de fazer a recepção da caipirinha.”, confessa. Além do público, outro elemento que ajuda a compor o espetáculo de algumas peças, desta vez no palco, são as bandas. Com isso, se estende também para os músicos o papel de se improvisar. “Quando eu vou lá para o público e faço uma pergunta: ‘Quem tem filho? Quem tem mais de quatro filhos? ’ E aí eles [os músicos] fazem uma gag: ‘Não tem televisão”’, exemplifica Márcio.
      Outros Horizontes – Plataformas importantes para a divulgação de qualquer espetáculo, mídias como a internet e a televisão tiveram papel ainda mais agudo na popularização desse tipo de peça. Elas não só ajudaram a divulgar como serviram de base para aumentar o sucesso dos improvisadores. Primeiro, porque muitos deles começaram na web. E outros tantos acabaram aterrissando na TV, realizando programas próprios. Um impulso para vários festivais, como o de São Paulo, recentemente. “Por causa da internet e de alguns grupos que conquistaram espaço na televisão, achamos que o Festival (FIMPRO) deveria acompanhar esse movimento", declarou, à época, Assis Benevenuto, curador do Festival Internacional de Improvisação, em entrevista ao Jornal da Tarde.
     O teatro serve, muitas vezes, como prova para tamanho ceticismo dos que questionam se o roteiro é mesmo criado na hora.  “Acho bom quando as pessoas não acreditam. Sinal de que está sendo bem feito. No teatro é muito mais quente e feito na hora. Está ali, na sua cara, não há como negar”, defende Mariana Molina, colaboradora do Portal Improvisando. Sem negar a importância das mídias eletrônicas, ela acredita que só o teatro tem a liberdade necessária. “Por mais teatral que saiam as apresentações na hora da gravação, os editores vão escolher a piada mais pronta, a frase mais feita, o trocadilho mais baixo. No teatro você fala palavrão sem censura, discute e tira sarro de qualquer tema que você quiser.”

Nem tudo é improviso
Tempo à prática e ao estudo são necessários, mas não garantem perfeição. O que nem sempre é ruim.

    Diferente do que o nome possa sugerir, a improvisação está longe de ser uma arte que não exige treinamento, antes das apresentações. O ator Márcio Ballas se preparou para subir aos palcos. Antes de ganhar fama como improvisador, estudou até fora do país. Na França se tornou um palhaço teatral. De volta ao Brasil trabalhou em projetos como o “Doutores da alegria”, ao lado de vários daqueles que formaram com ele o primeiro trabalho como improvisador. “Foi um grande aprendizado. A gente já era palhaço há uns sete anos. Já éramos acostumados a ter que improvisar”, revela.
    Para a professora de teatro da UFMG Mariana Muniz a improvisação, mesmo feita na hora, precisa ser muito bem trabalhada. “Ela só acontece se o ator-improvisador tiver um treino muito acurado da escuta, da capacidade de adaptação, do desenvolvimento de soluções de problemas e de estrutura narrativa.”

Vantagem – Curadora do FIMPRO em Belo Horizonte, o principal do gênero no Brasil, Mariana Muniz acredita que o país está à frente em um importante aspecto.  “Viajo muito e conheço muitos espetáculos de improvisação. Grande parte dos improvisadores no Brasil tem formação também como atores, o que possibilita uma qualidade diferenciada nos espetáculos”. A preparação, no entanto, está longe de garantir a perfeição. Muitas vezes ajuda na compreensão de que o improviso é mesmo improviso. “Tem um lugar que o espectador precisa entender que aquilo foi criado. Ele vai rir porque não deu certo”, confessa Márcio Ballas. Erros não só são permitidos, como muitas vezes contribuem para a consolidação do trabalho. “Em um mundo em que só o sucesso parece importar, o público pode ver um bando de atores dispostos também a errar na frente de todos.”, filosofa Mariana Muniz.


Iguais na ascensão, diferentes no formato e preparação
Gêneros cobiçados pelas TVs, e que viraram sucesso na internet, são confundidos por espectadores.

    Por serem trabalhos que ganharam impulso na internet e passaram a ser cobiçados também pela TV, a improvisação e o stand-up são confundidos por muitos espectadores.  Uma das diferenças mais evidentes é a utilização de texto. No segundo, o ator ou humorista escreve previamente os roteiros. Mariana Molina ressalta ainda a sensibilidade do trabalho que cada um deles provoca no espectador. “O que deve ser entendido pelo grande público é que a improvisação não tem a obrigação [apenas] de te fazer rir. Têm o poder de te fazer rir, chorar, refletir e ás vezes provocar todas essas sensações juntas num único espetáculo”.

IMPROVISO:

•    Não é um gênero teatral voltado apenas para humor, apesar da enorme ascensão recente do gênero. Envolve poucos adereços da estrutura física do teatro para sua criação, mas em algumas ocasiões é necessário utilizar alguns objetos para a criação ou auxílio de algum número diferenciado;
•    Há alguns casos em que também são utilizadas outras vestimentas (como é o caso do grupo Jogando no Quintal, em que todo mundo se fantasia de palhaço). O estilo de humor feito no improviso é sempre mais debochado e mais manso, voltado para qualquer tipo de idade. Não é à toa que é oriundo dos atores circenses. O improviso se utiliza da perspicácia do ator em cena;
•    Ele precisa agir rápido e criar uma desenvoltura para se sobressair nas situações que são impostas, em grande parte, pelos espectadores ali presentes. Apesar de ser feito na hora, o improviso também exige um treinamento prévio, mas nada é decorado. O treino é feito apenas para desenvolver as habilidades para agir e pensar rápido.


STAND-UP:
   
•    Show necessariamente de humor, totalmente decorado e feito previamente pelo humorista que vai se apresentar. Não se utiliza de qualquer tipo de adereço, seja ele roupas, vestimentas, cenário, iluminação, efeitos sonoros, ou especiais. O humor é mais escrachado e debocha de situações corriqueiras do cotidiano, de famosos, e faz críticas a sociedade de maneira sutil, voltada ao humor;
•    Geralmente, no Brasil, o gênero de Stand-up é feito para adultos, pois envolve um conteúdo mais censurado e não aconselhável para crianças.
•    Nos Estados Unidos, o Stand-up cresceu com temas mais polêmicos e envolvia política, assuntos raciais, escatológicos e o cotidiano. Chegou ao Brasil, naquela mesma época, mas não era igual ao Stand-up atual.





 Márcio Ballas comandando uma apresentação do "Jogando no Quintal"