Alunos trocam desvio de função por experiência ou pelo salário
Wellington Martins
Não é segredo o fato de que o estágio muitas vezes se configura em cenário claro de desvio de função, prática comum em organizações que buscam mão de obra barata e que em alguns casos resulta até mesmo em exploração. A empresa que lança mão desse expediente age de má fé e incorre em ação ilícita. A publicitária e relações públicas Clarice Fernandes Barroso (24) realizou quatro estágios durante o período acadêmico e diz que as empresas usam de artifícios ilegais para a contratação de estagiários. “É muito fácil burlar a papelada, inventar um suposto “superior da área” para assinar o estágio do aluno. Não seria viável que as universidades fiscalizassem as empresas, mas o suporte ao estagiário poderia ser melhor”, afirma.
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A profissional de relações públicas Fernanda Delmiro Dias (24) estagiou em três empresas. Em duas delas, o desvio de função era prática corrente. “Na primeira, fui contratada para trabalhar com aplicação de questionários de avaliação dos clientes, tabulação, análise de dados e implantação de melhorias e soluções, mas, além disso, atuava no atendimento e recepção dos clientes, atividades que não exigem conhecimentos acadêmicos. Já na segunda empresa, trabalhava com publicidade e comunicação interna da loja. Mas, por causa de uma crise financeira, o setor de marketing foi fechado e fui remanejada para a recepção”, diz.
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Influência econômica
Ao se deparar com atividades totalmente fora do que aprende na academia, muitas vezes o aluno continua estagiando porque depende da remuneração para o custeio dos estudos. Segundo o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a média geral paga a estagiários no Brasil é de R$683,33. Na área de Comunicação, a bolsa de estágio é em média R$701,64, ou seja, acima da média geral.
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Na outra ponta da questão econômica estão os baixos salários que não atraem alguns graduados. Estes preferem trabalhar em outras áreas que não têm relação com a formação acadêmica adquirida. O jornalista formado Helder Matias (25) atualmente trabalha como auxiliar administrativo e não fez estágio no período da academia. “Não passei por esse processo em virtude das poucas oportunidades ou de ofertas de vagas com baixa remuneração. O mercado no jornalismo tanto para estágio quanto para emprego é bem fechado em determinadas áreas e/ou muitas vezes com remuneração aquém do esperado”, afirma. Helder Matias entende que situações como a dele de se encontrar fora do marcado de sua formação acadêmica é resultado, em um primeiro momento, da falta de oportunidade e, depois, da opção que ele próprio fez.
Nova Legislação garante proteção ao estagiário
Érika Pereira
A Lei do Estagiário (17.788/08) enfatiza, em seu artigo primeiro, que o estágio é ato fundamentalmente educativo, que visa à aquisição de competências para o trabalho e para a vida em sociedade. Determina ainda a supervisão e o acompanhamento das atividades, bem como a relatoria delas.
O coordenador do curso de Jornalismo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) Luciano Andrade Ribeiro, diz que algumas medidas são tomadas para evitar o problema, mas a falta de fiscalização ainda é um obstáculo a ser vencido: “Todo desvio de função é prejudicial para o aluno. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) prega a não permissão de estágios em que abusos contra os estudantes são praticados, porém, ela não consegue barrar ou controlar essa atividade”. Segundo ele, o motivo da decisão é evitar que os alunos sejam submetidos a desvios de função e, até mesmo, a que trabalho equivalente ao de um profissional seja feito por um estagiário.
Para a Associação Brasileira de Estágios (Abres) a nova legislação inibe a utilização de estagiários como mão de obra barata – já proibida, mas comumente praticada na vigência da Lei anterior. A empresa que não respeitar estritamente as cláusulas contratuais e descaracterizar o estágio – com desvio de função ou excesso de carga horária, por exemplo – está sujeita a multa do Ministério Público do Trabalho, que reinterpretará o contrato a partir das cláusulas que regem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A empresa que descumprir as regras fica impedida de contratar estagiários por dois anos. A Lei estabelece o meio termo entre o abuso de estagiários como mão de obra barata e a não contratação.
Os agentes de integração também podem ser responsabilizados civilmente se indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições onde não há previsão de estágio curricular. Essa deliberação pretende zelar pelo cumprimento das funções sociais e educativas dos estágios profissionais, tarefa cuja responsabilidade deverá ser compartilhada pelas empresas concedentes, instituições de ensino, agentes integradores e os próprios estudantes.
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O papel das instituições acadêmicas de fiscalizar as empresas para coibir a prática da dupla função também mereceu destaque por Luciano Ribeiro. “O UNI-BH conta com a Coordenadoria de Estágio Institucional (CEI) que é o setor responsável por avaliar as empresas interessadas em oferecer estágios para o aprendizado dos alunos da instituição. Quando alguma irregularidade acontece, o aluno mesmo traz essa questão para a CEI e, dessa forma, a empresa é descredenciada e não pode buscar mais nenhum estagiário conosco”, conclui. A bacharel em direito Kedma Karoline dos Reis da Silva (25) realizou dois estágios afirma que as faculdades em geral ainda não fiscalizam com pulso firme os estágios. “Há alunos que ainda são
submetidos a exercer outras funções que não condizem com a sua formação acadêmica e as faculdades nada fazem porque isso seria um gasto financeiro extra para elas. A meu ver tal fiscalização deveria ser obrigatória e constante”, diz.
Salários em alta
Veja os maiores salários médios para estagiários do Brasil de acordo com o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube):
1º - Engenharia R$1.022,30
2º - Relações Internacionais R$ 1.008,38
3º - Economia R$ 999,27
4º - Química R$ 897,45
5º - Arquitetura e Urbanismo R$ 896,35
6º - Biblioteconomia R$ 883,60
7º - Nutrição R$ 880,40
8º - Estatística R$ 880,40
9º - Ciências Atuariais R$ 817,61
10º - Matemática R$ 802,12
Obs: A média de comunicação social é de R$701,64, superior a média geral R$683,33
Vamos lá:
ResponderExcluir-Concordância: prática comum em organizações que buscam mão de obra barata e que em alguns casos resulta (-1);
-Vírgula: A publicitária e relações públicas Clarice Fernandes Barroso (24) realizou;
-Modo verbal: que as universidades fiscalizassem as empresas;
-Legenda: favorecendo;
-Adequar: loja. Mas, por causa de uma crise financeira, o setor;
-Concordância: A vivência contada por Luciano Gonçalves e sua permanência na área de jornalismo condizem com as (-1);
-Concordância: a média geral paga a estagiários no Brasil é de R$683,33;
-Concordância: Estes preferem trabalhar em outras áreas que não têm relação;
-Entendimento: é resultado, em um primeiro momento, da falta de oportunidade e, depois, da opção que ele próprio fez;
-Adequação: e, até mesmo, a que trabalho equivalente ao de um profissional seja feito por um estagiário;
-Vírgula: O papel das instituições acadêmicas de fiscalizar as empresas para coibir a prática da dupla função também mereceu (-1).
Nota: 22/25.