sexta-feira, 29 de abril de 2011

SAINDO DA CAVERNA CULTURAL

Júlia Gracielle jrn6

“...Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.”

O texto acima foi retirado do clássico “Mito da Caverna” perfeitamente narrado por um dos maiores filósofos da história, Platão. Quem ainda não teve a oportunidade de saborear esta alegoria, faça-o. Em síntese o que pretendo mostra é com que alguém possa sair da própia caverna e que conheça algo novo, que pudesse tirá-lo de uma verdadeira hegemonia cultural. Para tanto lançamos um desafio.

Viaduto Santa Tereza


O desafio
J.I: Você conhece a cultura Hip-Hop?
M.R.S: A fundo não.
J.I: Gostaria de participar de um desafio e conhecer?
M.R.S: Sim! (Receioso)
Perfil do Desafiado
Nome: Moisés Rodrigues da Silva
Idade: 24 anos
Profissão: Coordenador de controle de qualidade
Cidade: Santa Luzia
Atividades: Estudante
Estilo musical: Pop rock nacional
Literatura: “Nem gosto de ler! Só revistas em quadrinho.”
Lazer: Viajar e futebol

A batalha

Sexta-feira, dia 15 de abril de 2011. São 21h45 em Belo Horizonte, mais especificamente no centro da cidade, onde se reúnem aproximadamente 400 jovens, sob o histórico viaduto Santa Tereza. O local que fica próximo à Praça da Estação, à essa hora da noite recebe em suas vias largas milhares de pessoas, muitas estão indo para casa depois um dia de trabalho, outras estão chegando para aproveitar a noite em boates, barzinho, e tem aqueles que ficam para curti mais um Duelo de Mc’s. A temática de hoje é: O HIP-HOP E A CIDADE. Para que o duelo aconteça é necessário que haja pelo menos 10 inscritos. Cada um paga o valor simbólico no valor de R$2,00, e o vencedor leva o dinheiro arrecadado. Desta vez foram 16 desafiantes que de dois em dois subiam ao palco para levantar para o público, rimas inteligentes e surpreendentes. Mas naquela noite dois mestres de cerimônias foram implacáveis em suas rimas e fizeram toda a diferença. Ficaram para a final Destro e Inti que precisavam de 5 rounds, a decisão do público e dos juízes foram a mesma que era o empate.

Viaduto Santa Tereza

O projeto

O evento acontece todas as sextas-feiras, sendo um dos mais tradicionais em BH, que reúne jovens adeptos da cultura hip-hop. De acordo com o organizador Junior Silva – Juninho como prefere ser chamado: o objetivo é difundir a cultura através das batalhas que os próprios mc’s realizam improvisoriamente. O evento tem como objetivo fortalecer a cultura em Belo Horizonte, proporcionando aos jovens uma opção que não seja a criminalidade. Juninho diz: “Nós fazemos questão de ressaltar que não é necessário a violência para sermos ouvidos. Muito pelo contrário, quando usamos a força física, ela se volta contra nós e ai só saímos perdendo. A música, a dança e o grafite são ferramentas que o hip-hop nos dá para que possamos expressar nossas opiniões de maneira inteligente”. Além dos duelos, cada semana um DJ é convidado para tocar e outros artistas da vertente do hip-hop têm a oportunidade de mostra os próprios trabalhos durante os intervalos.

Viaduto Santa Tereza

A iniciativa de organizar o movimento foi de um grupo de amigos, que surgiu depois que Belo Horizonte sediou uma etapa da Liga dos MC's. No dia 24 de agosto de 2007, cerca de 40 pessoas se reuniram na Praça da Estação para fazer uma “disputa” de rimas. Com o passar do tempo os encontros que inicialmente eram casuais e entre amigos, começou a atrair outras pessoas que também têm o mesmo gosto cultural. Assim sendo formado o grupo Família de Rua e o encontro tomou as proporções vistas até hoje.


Um pouco de história

O inicio da cultura hip-hop ocorreu na cidade de Nova Iorque-EUA, no bairro chamado Bronx. No ano de 1960, Bronx mostrava um cenário de violencia, droga e preconceito. Os primeiros adeptos do movimento eram negros e pobres que viviam nos chamados guetos, a idéia da cultura recém nascida, era fazer algo para que chegasse até aquelas pessoas, ou que tivesse opção de lazer. Mas que não sabiam que com a própria voze pudesse chegar aos ouvidos dos governos locais, pois estes gritavam por paz, justiça e igualdade racial.



O ícone do hip-hop na época de 1960 chamava-se Kool Herc, um DJ que “inventou” o chamado Toast - modo de cantar de maneira fraseada e com rimas bem elaboradas, trazendo na mensagem idéias polêmicas como sexo, droga, política ou até mesmo assuntos do dia-a-dia. A cultura alicerçou-se em 4 elementos, que são utilizados até hoje: o MC, que é a pessoa que cria e canta a rima; o DJ que faz a instrumentação das letras; a dança do breakdance e por fim o grafite.


E nos guetos brasileiros

No Brasil, a cultura Hip-Hop chegou no início da década de 80. A princípio não houve nenhum boom musical. Pelo contrário os adeptos começaram a caminhar com passos bem pequenos. No Brasil, o hip-hop conquistou primeiro, através da dança de rua. Um dos marcos na história da cultura no Brasil foi em 1983, a Globo colocou na abertura da novela das 20h, “Partido Alto”, dançarinos de break.

O resultado do desafio

Mais uma sexta-feira é coroada com O Duelo de MC’s. Uma das mais marcantes manifestações culturais em Belo Horizonte. Apesar de pouco conhecida continua resistindo às dificuldades, como a falta de apoio governamental e por falta de apoio da própria sociedade civil. “Muitas pessoas preferem julgar, ao invés de vir e conhecer o movimento que faz tão bem pra tantos jovens, ou que poderiam estar envolvidos com a criminalidade”, desabafa Delfo, dançarino de break que mora na favela do São Tomáz e participa de todos os encontros da Família de Rua tanto no Viaduto Santa Tereza quanto nas ações realizadas nas comunidades. Diferente destes que Delfo citou, Moisés que aceitou o desafio diz: “Pude perceber que o hip-hop fala através das roupas das pessoas que seguem o movimento, através da dança, da arte feita pelos grafiteiros. Vocês viram que desenhos bacanas eles fizeram lá no viaduto? Até ontem, pra mim isso não passava de pichação. As letras que eles cantam falam até mesmo da minha vida, do meu bairro que deveriam ser contemplado com ações sociais. No final, o resultado do duelo foi: CULTURA 1 X 0 PRECONCEITO. Tire suas conclusões e vejam mais uma vez, que Platão estava certo. Vale a pena sair da caverna?

Empresas comprometem vida de estagiários


Alunos trocam desvio de função por experiência ou pelo salário

Wellington Martins

Não é segredo o fato de que o estágio muitas vezes se configura em cenário claro de desvio de função, prática comum em organizações que buscam mão de obra barata e que em alguns casos resulta até mesmo em exploração. A empresa que lança mão desse expediente age de má fé e incorre em ação ilícita. A publicitária e relações públicas Clarice Fernandes Barroso (24) realizou quatro estágios durante o período acadêmico e diz que as empresas usam de artifícios ilegais para a contratação de estagiários. “É muito fácil burlar a papelada, inventar um suposto “superior da área” para assinar o estágio do aluno. Não seria viável que as universidades fiscalizassem as empresas, mas o suporte ao estagiário poderia ser melhor”, afirma.
Felícia diz que competição do mercado acaba ff do 
favorecendo o desvio de função
Para a psicóloga Felícia Costa Rodrigues, o estágio é a oportunidade que o aluno tem para praticar atividades que gerem o aprendizado profissional, ou seja, é a etapa que o estudante possui para conjugar o conhecimento teórico que adquire na academia com a prática do mercado de trabalho. “Muitos alunos não entendem o real papel do estágio e sentem muito medo de errar, de perguntar e de demonstrar que não estão seguros ou que precisam de auxílio. Isto é um erro, pois estão no lugar certo para esses questionamentos. Eles estão nas empresas para aprender e se já soubessem, não necessitariam estagiar”, afirma. A psicóloga diz que o estágio é a fase em que o estudante pode reforçar a sua escolha profissional através da prática e sentir se realmente tem afinidade com a profissão escolhida. “Nesse caso, o desvio de função e a má remuneração seguida de trabalho excessivo acabam comprometendo o papel do estágio”, alerta.
 
A profissional de relações públicas Fernanda Delmiro Dias (24) estagiou em três empresas. Em duas delas, o desvio de função era prática corrente. “Na primeira, fui contratada para trabalhar com aplicação de questionários de avaliação dos clientes, tabulação, análise de dados e implantação de melhorias e soluções, mas, além disso, atuava no atendimento e recepção dos clientes, atividades que não exigem conhecimentos acadêmicos. Já na segunda empresa, trabalhava com publicidade e comunicação interna da loja. Mas, por causa de uma crise financeira, o setor de marketing foi fechado e fui remanejada para a recepção”, diz.

Luciano formou em jornalismo em 2010 e atualmente já está contratado como assessor de imprensa
O estudante de jornalismo, Luciano Gonçalves Coelho Calixto (25), fez cinco estágios e conta que em diversas ocasiões exerceu algum tipo de função que não era compatível com a sua área, mas ressalta que a experiência foi importante para expandir seus conhecimentos em outros campos de atuação. A vivência contada por Luciano Gonçalves e sua permanência na área de jornalismo condizem com as considerações feitas por Felícia Costa. “Outro ponto importante é que no estágio o aluno pode reforçar a sua escolha profissional, pois muitas vezes é na prática que este tem a oportunidade de sentir se realmente tem afinidade com a profissão escolhida”, conclui a psicóloga.

Influência econômica

Ao se deparar com atividades totalmente fora do que aprende na academia, muitas vezes o aluno continua estagiando porque depende da remuneração para o custeio dos estudos. Segundo o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a média geral paga a estagiários no Brasil é de R$683,33. Na área de Comunicação, a bolsa de estágio é em média R$701,64, ou seja, acima da média geral. 

Fernanda atualmente trabalha na Unimed como como analista de relacionamento
Perguntada sobre o porquê de não ter reclamado do desvio de função aos seus superiores ou para a universidade na época em que estagiava, Fernanda Dias disse que não poderia se queixar porque dependia do estágio para pagar a escola. “Não poderia me dar “ao luxo” de sair das empresas para procurar outra oportunidade, pois eu correria o risco de não encontrar algo com tanta facilidade ou rapidez”, afirma. A relações públicas disse ainda que a atuação das faculdades no acompanhamento de alunos nos estágios é muito deficiente: “Se fossem mais presentes e fiscalizassem, acredito que muitos estágios seriam indeferidos”, conclui.

Na outra ponta da questão econômica estão os baixos salários que não atraem alguns graduados. Estes preferem trabalhar em outras áreas que não têm relação com a formação acadêmica adquirida. O jornalista formado Helder Matias (25) atualmente trabalha como auxiliar administrativo e não fez estágio no período da academia. “Não passei por esse processo em virtude das poucas oportunidades ou de ofertas de vagas com baixa remuneração. O mercado no jornalismo tanto para estágio quanto para emprego é bem fechado em determinadas áreas e/ou muitas vezes com remuneração aquém do esperado”, afirma. Helder Matias entende que situações como a dele de se encontrar fora do marcado de sua formação acadêmica é resultado, em um primeiro momento, da falta de oportunidade e, depois, da opção que ele próprio fez.

Nova Legislação garante proteção ao estagiário

Érika Pereira

A Lei do Estagiário (17.788/08) enfatiza, em seu artigo primeiro, que o estágio é ato fundamentalmente educativo, que visa à aquisição de competências para o trabalho e para a vida em sociedade. Determina ainda a supervisão e o acompanhamento das atividades, bem como a relatoria delas.

O coordenador do curso de Jornalismo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) Luciano Andrade Ribeiro, diz que algumas medidas são tomadas para evitar o problema, mas a falta de fiscalização ainda é um obstáculo a ser vencido: “Todo desvio de função é prejudicial para o aluno. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) prega a não permissão de estágios em que abusos contra os estudantes são praticados, porém, ela não consegue barrar ou controlar essa atividade”. Segundo ele, o motivo da decisão é evitar que os alunos sejam submetidos a desvios de função e, até mesmo, a que trabalho equivalente ao de um profissional seja feito por um estagiário.

Para a Associação Brasileira de Estágios (Abres) a nova legislação inibe a utilização de estagiários como mão de obra barata – já proibida, mas comumente praticada na vigência da Lei anterior. A empresa que não respeitar estritamente as cláusulas contratuais e descaracterizar o estágio – com desvio de função ou excesso de carga horária, por exemplo – está sujeita a multa do Ministério Público do Trabalho, que reinterpretará o contrato a partir das cláusulas que regem a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A empresa que descumprir as regras fica impedida de contratar estagiários por dois anos. A Lei estabelece o meio termo entre o abuso de estagiários como mão de obra barata e a não contratação.

Os agentes de integração também podem ser responsabilizados civilmente se indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições onde não há previsão de estágio curricular. Essa deliberação pretende zelar pelo cumprimento das funções sociais e educativas dos estágios profissionais, tarefa cuja responsabilidade deverá ser compartilhada pelas empresas concedentes, instituições de ensino, agentes integradores e os próprios estudantes.

Luciano alerta os alunos a procurarem a CEI caso haja alguma irregularidade no estágio
O papel das instituições acadêmicas de fiscalizar as empresas para coibir a prática da dupla função também mereceu destaque por Luciano Ribeiro. “O UNI-BH conta com a Coordenadoria de Estágio Institucional (CEI) que é o setor responsável por avaliar as empresas interessadas em oferecer estágios para o aprendizado dos alunos da instituição. Quando alguma irregularidade acontece, o aluno mesmo traz essa questão para a CEI e, dessa forma, a empresa é descredenciada e não pode buscar mais nenhum estagiário conosco”, conclui. A bacharel em direito Kedma Karoline dos Reis da Silva (25) realizou dois estágios afirma que as faculdades em geral ainda não fiscalizam com pulso firme os estágios. “Há alunos que ainda são
submetidos a exercer outras funções que não condizem com a sua formação acadêmica e as faculdades nada fazem porque isso seria um gasto financeiro extra para elas. A meu ver tal fiscalização deveria ser obrigatória e constante”, diz.

Salários em alta

Veja os maiores salários médios para estagiários do Brasil de acordo com o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube):

1º - Engenharia R$1.022,30
2º - Relações Internacionais R$ 1.008,38
3º - Economia R$ 999,27
4º - Química R$ 897,45
5º - Arquitetura e Urbanismo R$ 896,35
6º - Biblioteconomia R$ 883,60
7º - Nutrição R$ 880,40
8º - Estatística R$ 880,40
9º - Ciências Atuariais R$ 817,61
10º - Matemática R$ 802,12

Obs: A média de comunicação social é de R$701,64, superior a média geral R$683,33

Sacolas plásticas NUNCA MAIS!

Lei que proíbe uso das politicamente incorretas entra em vigor

Por Manoella Garzon

Diferentes modelos de sacolas retornáveis, as famosas ecobags.



Entrou em vigor no dia 18 deste mês a lei que proíbe o uso das sacolas plásticas na capital mineira, a Lei Municipal nº 9.529, aprovada por unanimidade no ano de 2008, de autoria do vereador Arnaldo Godoy do PT e sancionada pelo prefeito Fernando Pimentel, até então, funcionava em caráter facultativo.

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, o decreto 14.367, publicado dia 13, revogou o anterior (13.446/08) e manteve a data de 18 de abril para o uso obrigatório de sacolas ecológicas pelos estabelecimentos privados e órgãos públicos da cidade mineira.

As sacolas plásticas convencionais, denominadas oxidegradáveis, são produzidas à base de petróleo, com aditivos oxidantes que soltam resíduos prejudiciais ao ser humano e ao meio ambiente, e levam centenas de anos para se decompor. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Brasil consome uma quantidade média de 12 bilhões de sacolas plásticas tradicionais por ano. As atualmente utilizadas são feitas de materiais orgânicos,   retornáveis ou biodegradáveis, e se desfazem em apenas 180 dias.

Os estabelecimentos, como padarias, lojas, drogarias e supermercados,  estarão equipados com sacolas retornáveis e terão o propósito de incentivar os consumidores à utilização de alternativas ecologicamente corretas, como reaproveitar caixas de papelão e bolsas de tecidos. A prefeitura espera resultados positivos referentes à mudança de postura dos consumidores e dos estabelecimentos que utilizam o produto e estimam reduzir 80% na utilização desses materiais prejudiciais ao meio ambiente.

Desde o dia em que a lei entrou em vigor, fiscais de Posturas e Meio Ambiente  têm como uma de suas atribuições averiguar a adequação dos estabelecimentos à oferta das sacolas ecologicamente corretas. Os infratores estão sujeitos a serem multados no valor de R$ 1.000,00 e, se houver reincidência, de R$ 2.000,00. Em casos de persistência, poderá acontecer interdição da atividade e até a cassação do Alvará de Localização e Funcionamento do empreendimento.

Feitas com amido de milho, as sacolas corretas estão à venda nos comércios da cidade por R$ 0,19, O consumidor ainda tem, a sua disposição, ecobags e sacolas retornáveis de pano, sisal, papel, palha, ráfia ou TNT, com preços que variam entre R$ 2,00 e R$ 9,00  

Numa rápida visita aos shoppings belorizontinos, é possível ver as grandes lojas de departamento oferecerem sacolas 100% degradáveis, a custo zero, a seus clientes, para que possam acomodar e transportar suas compras. ´

Segundo a pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora, feita pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Supermercado Walmart, a proibição do uso de sacolas plásticas para transportar as compras é aprovada por 60% da população.

O gerente do Varejão da Fartura, no Bairro Padre Eustáquio, Edson Fernandes, é a favor da lei que proíbe uso das sacolinhas plásticas. Segundo ele, essa lei vem para ajudar o meio ambiente e minimizar o desperdício pelo uso desenfreado destas sacolas.

Mirna Marques, cliente do varejão, também é a favor da proibição: “antigamente a gente usava sacolinha de papel e funcionava muito bem”. E ela ainda opina quanto à taxa cobrada pelas biodegradáveis. “Não acho caro, creio que deve sim ser cobrado, mas acho que devem haver mais opções nos pontos de venda, como as sacolinhas de papel de tamanhos variados, porque as vezes carregamos mais peso e precisamos de sacolas maiores”.

Mas a lei gera dúvidas. De acordo com informações do Jornal Estado de Minas, datado 18/04/11, um estudo inglês mostra que a produção de sacolas plásticas comuns é feita com menos gás carbônico do que a de sacolas alternativas. Pesquisa Ibope informa que 75% dos consumidores têm preferência por sacolas convencionais e 100% deles as usam para colocar seu lixo.

O secretário de Mudanças Climáticas da  Associação Nacional de Órgãos Municipais do Meio Ambiente (Anamma) e Secretário Municipal do Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, relatou para o site da Abras que “A mudança de cultura que envolve o uso da sacola plástica e a reciclagem depende da articulação entre consumidor, setores público e privado”.

Prazo Educativo
As multas para os estabelecimentos que não estivessem adequados à leiteria início dia 28 de fevereiro mas, de acordo com a assessoria do vereador petista Arnaldo Godoy, um atraso na campanha educativa fez com que o começo da punição aos infratores se estendesse. A data para que as multas comecem a ser aplicadas, foi prorrogada em 45 dias.
Após pedido da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), a Prefeitura da cidade de Belo Horizonte divulgou no dia 16 de fevereiro, que empreendedores destes setores teriam um período de 120 dias para a adaptação aos padrões da lei das sacolas politicamente corretas. Segundo informações da prefeitura, será permitido que sacolas recicladas, continuem sendo utilizadas por mais quatro meses, sem conter o selo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

Tchau Tchau, Sacolas Plásticas
Conheça um pouco mais dessas “destruidoras de lares”
    ‎Sacolas plásticas serão substituídas pelas sacolas ecologicamente corretas 
  • Segundo o Ministério do Meio Ambiente, anualmente 500 bilhões de sacolas plásticas são descartadas inadequadamente, entupindo bueiros e causando enchentes, poluindo mares e matando tartarugas (que as comem).
  • No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de sacolas plásticas são consumidas por hora, atingindo 36 milhões em 24 horas.
  • O plástico pode demorar de 100 a 500 anos para se decompor na natureza.

CAPITAL COM NOVO HORIZONTE


BH ganha projeto que prioriza restauração de bens culturais
Por Bruno Menezes
Gabriela Francisca


                                                                                                        Foto divulgação


Em meio à verticalização lá estão eles: barrocos, góticos e neoclássicos. E neles rachaduras, cupins e pichações. Grande parte do patrimônio histórico e cultural de Belo Horizonte implora por socorro. Dos 700 monumentos tombados pelo CDPCM-BH - Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município - 35 estão em péssimo estado e cerca de 140 em estado intermediário. São casas, prédios, praças, museus entre outros bens materiais e imateriais, os quais dependem da iniciativa, pública ou privada, para permanecer na história do município.
No último dia 12, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte lançou oficialmente o programa “Adote um Bem Cultural”. O projeto propõe que empreendedores contribuam realizando restaurações e manutenções nos patrimônios culturais da cidade. O projeto foi sugerido pelo Ministério Público Estadual, via Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais.
As diretrizes de proteção e monitoria dos bens culturais são estabelecidas pela Prefeitura de Belo Horizonte, através da FMC – Fundação Municipal de Cultura – e do CDPCM-BH. Os proprietários de um bem tombado podem ser beneficiados pela legislação urbanística e cultural, com incentivos como isenção de IPTU, a Transferência do Direito de Construir e a Lei Municipal de Incentivo a Cultura.
A empresa adotante custeia a restauração e manutenção do bem adotado por um período de dois anos. A atitude garantirá ao empreendedor um selo de Amigo do Patrimônio Cultural, além da publicidade veiculada junto ao projeto durante toda a execução. O empreendedor poderá inserir no patrimônio adotado uma placa de sinalização interpretativa, em um lugar definido pelo FMC, com informações sobre o bem adotado e a logomarca da empresa adotante.
Para o produtor cultural Léo Dovalho, o projeto representa a manutenção da história da cidade, além de ser uma oportunidade das empresas auxiliarem efetivamente com capital próprio e não com o dinheiro de toda a sociedade, como é o caso das leis de incentivo.  “O projeto é ótimo, pois é uma das grandes possibilidades de captar a verba sem ter de privatizar o bem. Em uma cidade em que as construções hoje em dia validam muito mais o terreno do que o bem patrimonial essa é uma grande proposta de arrecadação pra manutenção do bem. Quantos prédios históricos poderiam ser preservados se isso existisse antes? “, questiona o produtor.
 

Patrimônio e História do Município

A história dos patrimônios culturais de Belo Horizonte se mistura  à história da cidade, como é o exemplo da Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada a Rua Carandaí, no centro da capital. Construída em 1900, a Igreja é fruto da mobilização popular de 1894, quando fiéis se unem e arrecadam através de festas, rifas e barraquinhas o dinheiro para construção da matriz. Por intermédio do padre Francisco Martins Dias, o engenheiro Aarão Reis doou o terreno para construção da igreja. O projeto foi do carioca Edgar Nascentes Coelho e as pinturas do alemão Guilherme Schumacher.
O famoso Pirulito da Praça Sete foi originalmente construído em Capela Nova de Betim, atual município de Betim, entregue com atraso em 1922. O obelisco foi doado à capital e oficialmente inaugurado em 1924, nas comemorações de 07 de setembro. Nessa ocasião, a praça projetada por Aarão Reis mudava de nome, de 12 de outubro para 07 de setembro.
Obelisco da praça 7 é um dos locais que podem ser adotados no programa

Em 1929, o então prefeito Cristiano Machado decidiu centralizar as vendas dos produtos destinados ao abastecimento alimentício da capital. O prefeito reuniu os feirantes em um terreno com barracas de madeira enfileiradas, o espaço era descoberto e cercado pelas carroças que transportavam a mercadoria, a inauguração oficial do Mercado Central ocorreu em 07 de setembro do mesmo ano.
Essas e outras tantas histórias podem ser associadas ao acervo da capital mineira e é visando que essa memória não se apague que o projeto Adote um Bem Cultural foi criado.
Para adotar um bem cultural o empreendedor ou cidadão deve contatar o Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, através do site www.pbh.gov.br ou pelo telefone (31)3277-5136 e solicitar o formulário de requisição.


Vandalismo em forma de palavras
Patrimônios são pichados e sujam a história de Belo Horizonte
Frases de protestos, acusações, religiosas e até mesmo um dialeto próprio. Tudo isso foi criado ao longo dos anos dando início a uma das mais condenadas práticas ilegais nas cidades brasileiras: a pichação. O ato de pichar é considerado crime ambiental e vandalismo, previsto na lei nacional. A pena para esta infração varia de três meses a um ano de detenção, além de multa.
Na contramão de projetos que visam à melhoria do ambiente visual da cidade de Belo Horizonte, existem grupos que se reúnem para depredar, destruir e pichar os patrimônios públicos. O local mais impensável por qualquer cidadão comum começa a ser o principal alvo dos pichadores que ocupam as cidades brasileiras.
Em Belo Horizonte os alvos são comuns. Viadutos, cartões postais da cidade, prédios altos, mas também muros recém pintados, casas e até mesmo lojas em qualquer local da cidade. Um dos principais grupos de pichadores de Belo Horizonte se denomina “os piores de Belô” e até hoje não se tem conhecimento se este grupo é organizado para a prática de outros crimes a não ser para a pichação.
"Os piores de belô" virou uma assinatura comum nos patrimônios da capital


Segundo ex pichador A.J. que não quer se identificar, o grupo não é nem mesmo uma organização, mas acabou virando uma mania entre os pichadores de Belo Horizonte. “Na verdade quando pichava nem mesmo sabia quem eram, foram ou vão ser os piores [de Belô], simplesmente pichar algo e assinar como ele dava a sensação de mais importância. O nome virou uma marca dos pichadores de BH”.
Alguns proprietários de comércio criaram o espaço do pichador em suas paredes externas, visando à conservação de outros locais importantes para o funcionamento do local. Em um supermercado no bairro Salgado Filho, região oeste da Capital, a aposta deu certo. No local o espaço reservado para os pichadores existem frases, ditados, mas as outras paredes continuam intactas.
“A cidade acaba se acostumando com esta visão. A gente passa pelas praças, pelas casas, por todos os locais e existe isso. Ninguém acaba, tentam melhorar, criam tintas que evitam a pichação, mas não tem jeito, sempre volta.”, diz exaltado o ex-proprietário de uma loja de ferragens, Sebastião Castilho.
A prefeitura Municipal de BH começou a utilizar nas obras de revitalização de alguns locais da cidade a tinta que não fixa o produto usado na pichação. A alteração da tinta parece surtir efeito, visto que os viadutos que foram revitalizados na Avenida Antônio Carlos ainda não foram sujos, mas o custo para esta alteração aumentou 6%, sendo retirados dos cofres públicos.
A cidade e os moradores continuam lutando contra a sujeira visual e buscando alternativas, resta saber se as pessoas que fazem este tipo de vandalismo vão em algum momento como a cidade pode ficar mais bonita com seus patrimônios preservados e limpos.

O que pode ser adotado?
Conheça quais os patrimônios culturais que podem ser adotados em Belo Horizonte

Conheça alguns exemplos de locais que podem ser adotados em Belo Horizonte
Ø  Pirulito da Praça Sete – Região Central de Belo Horizonte
    Ø  Prédio do Antigo cinemas México, localizado na Avenida Oiapoque com Rua Curitiba – Região Central de Belo Horizonte.
Ø  Edifício Candelária – Na praça Raul soares

Ø  Conjunto de Quatro casas – Rua Niquelina – Bairro Sta. Efigênia.
Ø  Casa cultural na Rua Euripedes Cunha – Venda Nova


Ø  Praça Santa Tereza – Bairro Santa Tereza
                                                                Praça de Santa Tereza


Era uma vez em Belo Horizonte...

Conhecido pelos moradores da capital mineira há vários anos, o escritor e desenhista Celton, vende suas revistas no tumultuado trânsito da cidade

Celton em mais um dia de vendas no centro da capital mineira.



Por Bruna Ávila, Dayane Lima, Hévila Oliveira


Combates entre seres mitológicos e figuras cotidianas em frente ao Mineirão, perseguições na praça sete, encontros amorosos em esquinas de Belo Horizonte, escândalos de políticos famosos. Estas são cenas das revistas em quadrinhos escritas por Lacarmélio Alfeo de Araújo. Foi sentado em uma árvore na praça da estação, em meio ao barulho dos ônibus, carros e pedestres, que o autor, conhecido na capital como Celton, nos contou sobre a sua história e sobre as revistas.

A figura, sempre vestida com terno e gravata amarelo, é reconhecida por vários motoristas que passam pelos corredores movimentados de BH. Celton vende as suas histórias, de mesmo nome, em meio ao trânsito intenso da cidade. Já chegou a publicar mais de 40 mil exemplares de uma única edição, e já produziu cerca de 50 títulos sobre os mais variados temas. Na opinião dele o sucesso da revista se deve a seu trabalho, dedicação e disciplina.

Celton largou a agência de publicidade que trabalhava como desenhista para investir no mundo dos quadrinhos. Começou a produzir as revistas em 1981 e as primeiras publicações foram comercializadas em bancas da capital. A falta de divulgação acarretou em vendas pouco lucrativas, para Lacarmélio, que havia feito empréstimos para financiar a publicação.


O desenhista resolveu vender as revistas por conta própria em bares, escolas, teatros e faculdades. O dinheiro que ganhava com as vendas não era suficiente para arcar com suas despesas. E em busca de uma solução foi morar nos Estados Unidos, onde desempenhou atividades como desenhista e cantor. Chegou a tocar debaixo de pontes em Nova Iorque para conseguir dinheiro e voltar ao Brasil.


Ao retornar para o país, e pagar as dívidas adquiridas pela revista, suspendeu o projeto. Embora não fosse um negócio lucrativo, os HQ’s (histórias em quadrinhos) eram a paixão do autor que voltou a produzi-las em 1998. “Eu voltei com a revista porque eu não conseguia ficar longe dela, não tinha jeito ” revela . Após diversas reformulações a revista Celton passou a ser vendida no trânsito como acontece até hoje.


Segundo o autor a opção por assuntos populares e cenários cotidianos dos cidadãos da capital, foram alternativas, que ele encontrou para transformar a publicação e aumentar as vendas. “A revista tinha muita influência de histórias americanas e o nome dos personagens eram todos em inglês” afirma.


A fidelidade aos traços da cidade são fruto de muita observação e pesquisa por parte do autor. O tempo para produção de cada um dos títulos muda conforme o assunto. Em média o autor leva um mês para a produção, porém em obras que exigem uma pesquisa mais profunda, pode demorar mais, como no caso da revista intitulada “O Fantasma de Ouro Preto”, que levou um ano para ser concluída.


“Produzo basicamente sobre assuntos regionais, mas estou tentando fugir disso, por causa de São Paulo” conta o autor que já começou a vender as revistas na capital paulista. “A tática de falar sobre os assuntos populares vai se manter, os cenários é que vão ser específicos. A próxima aventura começa em São Paulo e termina em BH” afirma o desenhista.


A identificação do público com os personagens e cenários é inevitável. E Lacarmélio coleciona em Belo Horizonte um número razoável de leitores assíduos. Entretanto o autor não acredita na possibilidade de manter um público fixo. “Se a revista cair a qualidade o público fiel desaparece” conta.


As pessoas que compram a revista Celton admiram o esforço do escritor e consideram que ele faz um bom trabalho. “É uma forma super inusitada, divertida que marcou. Uma super estratégia que deu certo!” elogia Inara Silveira, 27 anos, que trabalha como editora de imagens. Ela ainda conta que já leu diversas histórias, é cliente a cinco anos e a revista preferida é a da loira do Bonfim.


“A verdade é que gosto de um bocado de historias. Mas acho que essa me marcou mais. Na época comprei a revistinha porque começaram a me chamar de loira do Bonfim. Fiquei sem entender e fui buscar informação. Me falaram da revista, corri e garanti a minha. Ai me deparei com uma lenda urbana, que adorei. Bem, mas a verdade é que, até hoje não sei porque me chamavam assim.” confessa a moça.


Um dos maiores problemas para os cidadãos de uma grande metrópole são os engarrafamentos. Para Celton essas situações são as mais viáveis para angariar boas vendas. Ele fica em pontos variados da cidade, sempre em busca de lugares de grande movimento. Os principais corredores de venda são as Avenidas Bias Fortes, Cristovão Colombo e Antônio Carlos.


Embora o próprio autor não se considere um agente valorizador da cultura, as histórias em quadrinhos contribuem no aprendizado das crianças e são um estímulo para aqueles que querem adquirir o hábito da leitura. Ainda que os quadrinhos trabalhem com a linguagem verbal e visual, a utilização das imagens é predominante o que colabora para a disseminação das informações.


Para o doutor em comunicação e professor da USP Waldomiro Vergueiro “a junção imagem e texto é oferecida pelos produtos quadrinhísticos aos seus leitores e representa uma forma narrativa única, exclusiva deles, que faz o caminho para a leitura da palavra escrita muito mais ameno e agradável” .  Para ele é essencial que os quadrinhos levem a leitura de outros tipos de textos escritos ou literários.


Ele ainda afirma que a revista Celton encaixa-se no estilo de produção independente e por isso não é um estilo procurado pelas editoras. “Entendo que os quadrinhos de Celton não despertaram o interesse das editoras devido à forma como ele os produz. Ele é um produtor independente, que não se adequaria às exigências de uma editora.”


Ao contrário das editoras, o professor, que também é fundador e coordenador do Observatório de histórias em quadrinhos da USP, tem um apreço especial pelo trabalho de Lacarmélio. Inclusive escreveu um texto sobre o autor que foi publicado na enciclopédia especializada espanhola Del Tebeo al Manga. “Celton é quase parte do folclore da cidade.


As histórias falam de Belo Horizonte, mostrando a vida de pessoas simples e suas dificuldades cotidianas, narrando as peripécias de um herói sem máscara, sem uniforme e sem identidade secreta, que ajuda a todos e enfrenta bandidos comum” explica o doutor.


O reconhecimento do trabalho do quadrinhista é tamanho, principalmente quando leva-se em consideração o tipo de produção, completamente independente e inusitada. O esforço tem sido recompensado e o autor já recebeu condecorações na capital mineira, expos seu trabalho no 4º festival internacional de quadrinhos e na La mostra Mineira de Zines em 2005.


O surgimento das revistas em quadrinhos no Brasil


O dia nacional dos quadrinhos é comemorado no dia 30 de janeiro. Seu surgimento no país foi a partir do século XIX, através das criações de Ângelo Agostini. Nos quadrinhos predominavam mais os estilos satíricos, conhecidos como cartoons, charges, caricaturas e depois a tira que foi considerada o estilo nacional de fazer quadrinhos.


O estilo tiras, também se destacou por ser usado como forma de protesto na década de 60, conhecido como período militar. Elas eram publicadas nos jornais, inclusive no Pasquim, e foi um meio usado pelo povo para declarar a insatisfação que reinava naquela época.


Mesmo o Brasil possuindo grandes artistas, a influência americana, japonesa e européia predominava na criação dos quadrinhos. Os mais influentes continuam sendo os quadrinhos comics produzidos pelos americanos e os mangás pelos japoneses. No Brasil são usados os dois estilos.


Os quadrinhos tem uma grande importância social e política na história do país. A primeira revista de quadrinhos surgiu em 1905, era chamada ‘O Tico Tico, com trabalhos de artistas nacionais como J. Carlos. Foi a partir deste período que as criações começaram a aumentar e muitas produções surgiam a cada dia. Concursos eram feitos para a escolha de novas histórias para os famosos quadrinhos de Flash Gordon e Mandrake, que fazem parte da história nacional das revistinhas.


Ainda na década de 30, o Grupo Globo, de Roberto Marinho publicou a revista Gibi, de tão popular, incorporou seu nome as revistinhas em quadrinhos no país. Em 1951 foi realizada a primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos na cidade de São Paulo (talvez a primeira exposição do tipo no mundo). Logo, nos anos 50, surgiram os quadrinhos de terror, no início eram feitas traduções de quadrinhos estrangeiros.
Não demorou, e logo surgiram artistas que até hoje são consagrados por suas obras, é o caso de Ziraldo (criador do ‘Menino Maluquinho) e Maurício de Souza criador das revistinhas “Turma da Mônica”.

Um pouco sobre o Celton...


Celton produz as revistas em seu próprio estúdio.


- Desde a reformulação da revista no ano de 1998, os Quadrinhos Celton está na sua 26ª edição.


- A tiragem que vária em média de dois mil exemplares por edição vem crescendo a cada nova história.  

- A revista mais vendida foi “O combate da sogra com o capeta”, dela foram feitas várias reimpressões e tornou-se o maior sucesso de público das histórias dos Quadrinhos Celton.

- O formato da revista segue o padrão de capa colorida e páginas internas preto e branca desde a sua primeira edição.

- Celton Já chegou a publicar mais de 40 mil exemplares de uma única edição.

- O personagem Celton e sua namorada estão presentes ao longo de todas as edições das revistas.

- Os cenários da capital mineira, os pequenos detalhes dos espaços urbanos são figuras que ilustram os quadrinhos.    

- O autor já recebeu condecorações na capital mineira, expos seu trabalho no 4º festival internacional de quadrinhos e na La mostra Mineira de Zines em 2005.

Museu Clube da Esquina pode não sair do papel

Após doação do prédio pelo governo estadual, o espaço aguarda liberação de verba do Ministério da Cultura para abrir as portas.
 Por Júnior Moreira, Paula Isis e Thayane Ribeiro


Fachada da futura sede do Museu Clube  da esquina
Mais de 6 anos após a execução do projeto inicial, o Museu Clube da Esquina ainda corre o risco de continuar apenas no papel. Previsto para ser inaugurado no início deste ano, no antigo prédio do Servas, integrando o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, o empreendimento precisa ser aprovado pelo governo federal até o dia 30 deste mês, caso contrário é bem provável que o museu continue apenas no imaginário do seu idealizador, o compositor Márcio Borges.

Há alguns anos, o letrista mineiro, integrante do Clube da Esquina, movimento musical nascido na década de 60, sonhou com o local que reuniria o acervo construído pelo grupo e funcionaria como janela para os novos músicos que desejassem trilhar os caminhos da música popular brasileira.  A idéia inicial foi tomando forma e, em fevereiro de 2004, foi criada a Associação de Amigos do Museu Clube da Esquina, uma entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de gerenciar as ações do museu e trabalhar para que o sonho do compositor se concretize.

No projeto do museu, está prevista a construção de um espaço expositivo destinado ao acervo físico e virtual do Clube da Esquina. O museu também contará com palco, salas para exibição de filmes e uma biblioteca voltada para música e cinema. Para Márcio Borges, além de perpetuar a história do clube, tão importante no cenário da música brasileira, o local vai valorizar ainda mais a cultura mineira. “Vai ser um espaço de disseminação de arte e cultura. Referência da música de Minas. Vai ter estúdio, exposições permanentes, temporárias, salas de exibição de filmes e aulas, acervo do Clube da Esquina e muitas coisas inéditas. Qualquer pessoa vai ter acesso, claro que mediante ao regulamento de funcionamento geral dos museus do circuito".

Inicialmente, cogitava-se implantar o Museu Clube da Esquina no Cine Pathé, na região da Savassi, ou no Bairro Santa Tereza, berço do movimento do Clube da Esquina.  No entanto, a associação não conseguiu que a prefeitura de Belo Horizonte doasse um local para implantação do empreendimento. Depois de muitas negociações, o governo estadual permitiu que o museu fosse instalado no antigo prédio do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), no entorno da Praça da Liberdade. “Tudo isso foi possível com o apoio do ex-governador de Minas, Aécio Neves, que é amigo de integrantes do clube e ligado a questões culturais. Ele passou esse entusiasmo ao governador Antônio Anastasia que reconheceu a importância da música dentro da cultura mineira, e resolveu doar um espaço dentro do Circuito Cultural Praça da Liberdade", explica Borges.

A ex-presidente da Fundação Cultural de Belo Horizonte, Maria Antonieta Cunha, que acompanhou o processo desde o início, se surpreendeu com a mudança do local. “Fiquei surpresa com a decisão de instalar o Museu do Clube da Esquina na região da Praça da Liberdade, e não mais no Bairro Santa Tereza. No período em que fui a Presidente da Fundação Cultural de Belo Horizonte, todas as negociações apontavam para Santa Tereza como sede do Museu”.

Já para a sócia efetiva da Associação de Amigos do Museu Clube da Esquina, Tatiana Dias, a implantação do museu nos arredores da Praça da Liberdade é muito positiva. “Embora o museu não tenha sido instalado no berço do clube, o novo local faz parte de um importante circuito cultural da cidade. A mudança só vem agregar ainda mais valor ao projeto.” 

Tatiana Dias informou que, para a reforma do prédio onde o museu será abrigado, a associação necessita de uma verba a ser liberada pelo governo federal. Após a liberação desse recurso, o local será mantido por patrocinadores através da lei de incentivo a cultura. No entanto, segundo Tatiana Dias, o prazo para que o dinheiro seja liberado já está chegando ao fim. “Essa verba tem que vir do Ministério da Cultura. Se não vir até dia 30 deste mês, o projeto volta a estaca zero".

A assessoria do Ministério da Cultura informou que foi solicitada uma verba de R$ 3 milhões para a restauração do local, mas apenas R$ 500 mil podem ser liberados. Segundo o Ministério, para que haja a liberação, a associação deve adequar a proposta do projeto à quantia que pode ser oferecida, obter parecer técnico jurídico e apresentar o termo de posse do local. Até que todos os documentos sejam entregues, não é possível estabelecer um prazo para que o recurso seja liberado e a inauguração do museu será certamente adiada por mais algum tempo.




A música do Clube

                        O então presidente Juscelino kubichek ouvindo o grupo em Diamantina.

Deveria começar esse texto falando dos discos gravados, das milhares de cópias vendidas, ou até mesmo da influência da melodia feita pelos então universitários mineiros. Mas eu queria lhe pedir licença, meu caro leitor, para lhe descrever a famosa esquina.
Rua Divinópolis com Paraisópolis deveria ter no mínimo uma placa, não é? A placa existe. Mas nada mais do que isso. O local é uma esquina comum como aquelas onde grupos de amigos se encontram para tocar violão nas cidadezinhas do interior. Ou como era no pacato Bairro Santa Tereza na capital mineira dos anos 60. Tudo seria muito simples e comum, como eram esses encontros na época, se não fosse a genialidade dos estudantes que ali se encontravam. E, para fazer justiça, não poderia deixar de citar os que na opinião de muitos críticos foram os mais importantes. O famoso clube tem nomes como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Fernando Brant, Tavinho Moura, Wagner Tiso e muitos outros que ajudaram a formar essa jóia rara da Música Popular Brasileira.
Dois discos marcaram a carreira do grupo que a princípio se reunia para ouvir e tocar Beatles. O primeiro intitulado “Clube da Esquina”, de 1972, e o segundo “Clube da Esquina 2”, de 1978. De acordo com o professor do Centro Universitário de Belo Horizonte e crítico musical, Maurício Guilherme, as influências do grupo foram diversas. “O Clube é um verdadeiro liquidificador musical. Eu vejo influências que vão da Bossa Nova, na questão melódica, passando pelos Beatles, até chegar aos poetas mineiros, como Drumond, por exemplo. Sem falar da influência política que vem do desejo de liberdade devido à repressão da ditadura”.
Ainda segundo o professor, “o clube é formado, na sua essência, por grandes músicos, especificamente violonistas, que souberam como ninguém fazer um movimento único e ao mesmo tempo diferente. Inovador, mas duradouro. Com uma capacidade melódica superior”.
Os integrantes do Clube vivem novas aventuras, seja em outros ramos, ou mesmo na música, como o guitarrista Toninho Horta, que até hoje faz sucesso fora do Brasil. Milton Nascimento que é considerado pela mídia e pelos fãs como a estrela maior da música mineira. Ou ainda Beto Guedes que ainda faz sucesso por onde passa. Esses e muitos outros ganharam novos dígitos na balança, perderam alguns fios de cabelo, mas continuam vivos na memória de cada amante da boa música.
Os filhos do Clube - 40 anos depois de tudo isso, os filhos de Beto Guedes e Marilton Borges continuam fazendo o que os pais faziam de melhor. Os músicos Gabriel Guedes e Rodrigo Borges se encontraram por acaso na noite de Belo horizonte e hoje fazem shows em um bar de propriedade do próprio Gabriel, localizado na mesma esquina onde os seus pais e amigos começaram um dos maiores movimentos da música mineira.  
Boemia no Alto dos Piolhos
A história do Santa Tereza em detalhes quase que desconhecidos.

Boemia, música e tranquilidade. Essas três palavras vêm à nossa cabeça assim que pensamos no bairro Santa Tereza. Localizado na região leste da capital mineira, é famoso por ter uma vida noturna agitada, uma vez que, na praça principal, a Duque de Caxias, estão localizados bares e restaurantes, famosos por sua culinária e tira-gostos, tudo que um legitimo mineiro procura para acompanhar a cerveja gelada depois de um dia de trabalho.

A beleza arquitetônica de suas casas, a variedade de opções de diversão, as atividades culturais diversificadas, como as casas de seresta, as feiras de artesanato e o famoso macarrão do fim de noite atraem pessoas de toda a cidade. Segundo o estudante André Rodrigues, o bairro é um dos melhores lugares da capital pra quem quer se sentar em um boteco e colocar o papo em dia com os amigos. "Sempre que tenho tempo, eu junto a galera e vamos pro Santa Tereza. A cerveja é gelada e barata, e a comida é muito boa. Além disso, tem muitas opções de bares e eles estão sempre cheios", comenta o estudante.

Inicialmente, o bairro teve sua primeira ocupação por imigrantes italianos. Isso ocorreu devido a instalação do Centro de Imigração da Capital, responsável na época por acolher os imigrantes e legalizar sua situação no Brasil. O bairro ficou conhecido, no início do século passado, como a região do Isolado, por existir no local que hoje abriga o Mercado Distrital de Santa Tereza, um hospital que tratava pacientes com tuberculose e outras doenças respiratórias até então incuráveis e o paciente precisava ser isolado para diminuir o risco de contaminação.

De lá pra cá, o bairro recebeu diversos nomes: Colônia Américo Werneck, Bairro da Imigração, Alto do Matadouro, Bairro do Quartel e Fundos da Floresta. F oram muitas denominações até que em 1928 recebeu a atual nomenclatura.

Se voltamos um pouco na história, veremos que a Praça Duque de Caxias passou por diversas modificações ao longo dos anos. "Aquele local já abrigou a hospedaria dos imigrantes, o quartel do Exército e o batalhão da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. No principio da década de 60, aquele local foi ocupado pelo colégio Tiradentes da Polícia Militar. Na realidade o que hoje é uma bela praça, na década de 30 era um descampado, "um largo" com muita poeira, onde passavam carroças, cavalos, soldados e a comunidade local", afima o historiados Luis Goés.

Hoje o bairro é famoso por seus carnavais, blocos carnavalescos, e por sua singular contribuição para o cenário cultural de Belo Horizonte, uma vez que surgiram grandes nomes da música mineira como Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant (com o Clube da Esquina), além de bandas que despontaram para o cenário nacional e internacional, como Skank, Sepultura, entre outras.

O Santa Tereza também é o local da cidade em que as lendas resistem. O Clube da Esquina, que apesar da rica herança cultural e musical, fisicamente o clube nunca existiu. Reza a lenda que na região conhecida com Alto dos Piolhos – o entroncamento das ruas Quimberlita, Tenente Freitas, Bocaiúva e Bom Despacho – vivia uma família do interior, que  ganhou fama porque tinham o hábito de cultivar o inseto.