sexta-feira, 29 de abril de 2011

CAPITAL COM NOVO HORIZONTE


BH ganha projeto que prioriza restauração de bens culturais
Por Bruno Menezes
Gabriela Francisca


                                                                                                        Foto divulgação


Em meio à verticalização lá estão eles: barrocos, góticos e neoclássicos. E neles rachaduras, cupins e pichações. Grande parte do patrimônio histórico e cultural de Belo Horizonte implora por socorro. Dos 700 monumentos tombados pelo CDPCM-BH - Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município - 35 estão em péssimo estado e cerca de 140 em estado intermediário. São casas, prédios, praças, museus entre outros bens materiais e imateriais, os quais dependem da iniciativa, pública ou privada, para permanecer na história do município.
No último dia 12, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte lançou oficialmente o programa “Adote um Bem Cultural”. O projeto propõe que empreendedores contribuam realizando restaurações e manutenções nos patrimônios culturais da cidade. O projeto foi sugerido pelo Ministério Público Estadual, via Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais.
As diretrizes de proteção e monitoria dos bens culturais são estabelecidas pela Prefeitura de Belo Horizonte, através da FMC – Fundação Municipal de Cultura – e do CDPCM-BH. Os proprietários de um bem tombado podem ser beneficiados pela legislação urbanística e cultural, com incentivos como isenção de IPTU, a Transferência do Direito de Construir e a Lei Municipal de Incentivo a Cultura.
A empresa adotante custeia a restauração e manutenção do bem adotado por um período de dois anos. A atitude garantirá ao empreendedor um selo de Amigo do Patrimônio Cultural, além da publicidade veiculada junto ao projeto durante toda a execução. O empreendedor poderá inserir no patrimônio adotado uma placa de sinalização interpretativa, em um lugar definido pelo FMC, com informações sobre o bem adotado e a logomarca da empresa adotante.
Para o produtor cultural Léo Dovalho, o projeto representa a manutenção da história da cidade, além de ser uma oportunidade das empresas auxiliarem efetivamente com capital próprio e não com o dinheiro de toda a sociedade, como é o caso das leis de incentivo.  “O projeto é ótimo, pois é uma das grandes possibilidades de captar a verba sem ter de privatizar o bem. Em uma cidade em que as construções hoje em dia validam muito mais o terreno do que o bem patrimonial essa é uma grande proposta de arrecadação pra manutenção do bem. Quantos prédios históricos poderiam ser preservados se isso existisse antes? “, questiona o produtor.
 

Patrimônio e História do Município

A história dos patrimônios culturais de Belo Horizonte se mistura  à história da cidade, como é o exemplo da Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada a Rua Carandaí, no centro da capital. Construída em 1900, a Igreja é fruto da mobilização popular de 1894, quando fiéis se unem e arrecadam através de festas, rifas e barraquinhas o dinheiro para construção da matriz. Por intermédio do padre Francisco Martins Dias, o engenheiro Aarão Reis doou o terreno para construção da igreja. O projeto foi do carioca Edgar Nascentes Coelho e as pinturas do alemão Guilherme Schumacher.
O famoso Pirulito da Praça Sete foi originalmente construído em Capela Nova de Betim, atual município de Betim, entregue com atraso em 1922. O obelisco foi doado à capital e oficialmente inaugurado em 1924, nas comemorações de 07 de setembro. Nessa ocasião, a praça projetada por Aarão Reis mudava de nome, de 12 de outubro para 07 de setembro.
Obelisco da praça 7 é um dos locais que podem ser adotados no programa

Em 1929, o então prefeito Cristiano Machado decidiu centralizar as vendas dos produtos destinados ao abastecimento alimentício da capital. O prefeito reuniu os feirantes em um terreno com barracas de madeira enfileiradas, o espaço era descoberto e cercado pelas carroças que transportavam a mercadoria, a inauguração oficial do Mercado Central ocorreu em 07 de setembro do mesmo ano.
Essas e outras tantas histórias podem ser associadas ao acervo da capital mineira e é visando que essa memória não se apague que o projeto Adote um Bem Cultural foi criado.
Para adotar um bem cultural o empreendedor ou cidadão deve contatar o Conselho Deliberativo de Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, através do site www.pbh.gov.br ou pelo telefone (31)3277-5136 e solicitar o formulário de requisição.


Vandalismo em forma de palavras
Patrimônios são pichados e sujam a história de Belo Horizonte
Frases de protestos, acusações, religiosas e até mesmo um dialeto próprio. Tudo isso foi criado ao longo dos anos dando início a uma das mais condenadas práticas ilegais nas cidades brasileiras: a pichação. O ato de pichar é considerado crime ambiental e vandalismo, previsto na lei nacional. A pena para esta infração varia de três meses a um ano de detenção, além de multa.
Na contramão de projetos que visam à melhoria do ambiente visual da cidade de Belo Horizonte, existem grupos que se reúnem para depredar, destruir e pichar os patrimônios públicos. O local mais impensável por qualquer cidadão comum começa a ser o principal alvo dos pichadores que ocupam as cidades brasileiras.
Em Belo Horizonte os alvos são comuns. Viadutos, cartões postais da cidade, prédios altos, mas também muros recém pintados, casas e até mesmo lojas em qualquer local da cidade. Um dos principais grupos de pichadores de Belo Horizonte se denomina “os piores de Belô” e até hoje não se tem conhecimento se este grupo é organizado para a prática de outros crimes a não ser para a pichação.
"Os piores de belô" virou uma assinatura comum nos patrimônios da capital


Segundo ex pichador A.J. que não quer se identificar, o grupo não é nem mesmo uma organização, mas acabou virando uma mania entre os pichadores de Belo Horizonte. “Na verdade quando pichava nem mesmo sabia quem eram, foram ou vão ser os piores [de Belô], simplesmente pichar algo e assinar como ele dava a sensação de mais importância. O nome virou uma marca dos pichadores de BH”.
Alguns proprietários de comércio criaram o espaço do pichador em suas paredes externas, visando à conservação de outros locais importantes para o funcionamento do local. Em um supermercado no bairro Salgado Filho, região oeste da Capital, a aposta deu certo. No local o espaço reservado para os pichadores existem frases, ditados, mas as outras paredes continuam intactas.
“A cidade acaba se acostumando com esta visão. A gente passa pelas praças, pelas casas, por todos os locais e existe isso. Ninguém acaba, tentam melhorar, criam tintas que evitam a pichação, mas não tem jeito, sempre volta.”, diz exaltado o ex-proprietário de uma loja de ferragens, Sebastião Castilho.
A prefeitura Municipal de BH começou a utilizar nas obras de revitalização de alguns locais da cidade a tinta que não fixa o produto usado na pichação. A alteração da tinta parece surtir efeito, visto que os viadutos que foram revitalizados na Avenida Antônio Carlos ainda não foram sujos, mas o custo para esta alteração aumentou 6%, sendo retirados dos cofres públicos.
A cidade e os moradores continuam lutando contra a sujeira visual e buscando alternativas, resta saber se as pessoas que fazem este tipo de vandalismo vão em algum momento como a cidade pode ficar mais bonita com seus patrimônios preservados e limpos.

O que pode ser adotado?
Conheça quais os patrimônios culturais que podem ser adotados em Belo Horizonte

Conheça alguns exemplos de locais que podem ser adotados em Belo Horizonte
Ø  Pirulito da Praça Sete – Região Central de Belo Horizonte
    Ø  Prédio do Antigo cinemas México, localizado na Avenida Oiapoque com Rua Curitiba – Região Central de Belo Horizonte.
Ø  Edifício Candelária – Na praça Raul soares

Ø  Conjunto de Quatro casas – Rua Niquelina – Bairro Sta. Efigênia.
Ø  Casa cultural na Rua Euripedes Cunha – Venda Nova


Ø  Praça Santa Tereza – Bairro Santa Tereza
                                                                Praça de Santa Tereza


2 comentários:

  1. Weba... eu sai na reportagem... Que deliciaaaaaaaaaaa! Parabéns Bruno e Gaby...

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  2. Vamos lá:

    -Pontuação: Em meio à verticalização, lá estão eles;
    -Inverter: Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município (CDPCM-BH); Fundação Municipal de Cultura (FMC);
    -Adequar: que dependem da iniciativa, pública ou privada para permanecer na história do município;
    -Crase: Lei Municipal de Incentivo à Cultura;
    -Concordância de gênero: pela FMC (-1);
    -Grafia: 7 de setembro;
    -Pontuação: que transportavam a mercadoria. A inauguração;
    -Adequação: Frases de protestos e; acusações, mensagens religiosas e até mesmo um dialeto próprio;
    -Adequar, tornando a citação entendível: Na verdade, quando eu pichava, também não sabia quem eram os outros Piores de Belô. Eu só queria pichar algo e assinar como ‘Piores de Belô’ dava a sensação de mais importância. O nome virou uma marca dos pichadores de BH;
    -Pontuação: No espaço reservado para os pichadores, existem frases (-1);
    -Pontuação: Ninguém acaba, tentam melhorar, criam tintas que evitam a pichação, mas não tem jeito, sempre volta”, diz, exaltado, o ex-proprietário de uma loja de ferragens, Sebastião Castilho;
    -Concordância: o custo para esta alteração aumentou 6%, sendo retirado dos cofres públicos;
    -Adequação: que fazem este tipo de vandalismo vão, em algum momento, perceber como a cidade pode ficar mais bonita com seus patrimônios preservados (-1);
    -Adequação: Prédio do antigo Cinema México.

    Nota: 22/25.

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