quarta-feira, 4 de maio de 2011

Admirável fôlego novo

Sucesso de popularidade, peças de improviso são a sensação da mídia e arrancam risos.

Os Barbixas são sucesso no meio do improviso teatral

Por: Filipe Papini e Rafael Luis

    Na plateia alguém grita, ou escreve um tema no bilhete, e envia ao palco. Não há restrição a nenhum assunto. Tão logo recebem a ajuda que vem do público, os artistas passam a exercitar a criatividade. Precisam, a partir do tema escolhido, criar e encenar uma história. Começa o espetáculo. Depois disso, num jogo de completa interação, os atores precisam pensar rápido pra manter a cena de pé. E isso não significa que ela precise fazer sentido o tempo todo. Precisa ser, principalmente, engraçada. Afinal, é o tom cômico que tem dado novo fôlego a esse gênero, até recentemente pouco popular no teatro brasileiro: as peças de improvisação.
    Desde os primeiros espetáculos, o humor predominava na maioria das apresentações de improvisação. Quando começou, no século XV na Itália, os cenários e figurinos eram escassos e os artistas, que eram o elemento principal, se apresentavam em praças da cidade ou na corte. O gênero, relacionado a uma forma de teatro chamado Commedia Dell’arte, satirizava escândalos, eventos e manias. Não muito diferente dos dias atuais.
    É justamente a sátira do cotidiano um dos principais motivos para o sucesso explosivo e recente das peças de improvisação. A reportagem esteve em alguns desses espetáculos. Neles, os artistas procuram fantasiar em torno dos assuntos mais banais do dia-a-dia. O gênero vem dos Estados Unidos, onde é conhecido pelo nome de “Comédia Observacional”. “É impossível não se reconhecer em vários temas que a própria plateia ajuda a criar”, revela a estudante Sandra Leão, fã incondicional do gênero. O público, inclusive, é outro segredo do sucesso das peças de improvisação.
    Para Márcio Ballas, um dos mais conhecidos e importantes improvisadores do Brasil, a plateia tem uma participação fundamental. Ela é coautora do espetáculo. “Eles participam ativamente, a própria concepção de luz do espetáculo é diferente porque tem que ter luz no público. O tempo todo. Todo mundo tem que ver e ser visto.”, revela. Tão importante que a plateia é tratada a mimos e recebe até caipirinha em uma das peças de Ballas. Para ele, nada mais justo que, uma vez artista, o público também se sinta à vontade. “A gente sempre teve a preocupação de o público entrar e sentir a recepção calorosa. Então teve a ideia de fazer a recepção da caipirinha.”, confessa. Além do público, outro elemento que ajuda a compor o espetáculo de algumas peças, desta vez no palco, são as bandas. Com isso, se estende também para os músicos o papel de se improvisar. “Quando eu vou lá para o público e faço uma pergunta: ‘Quem tem filho? Quem tem mais de quatro filhos? ’ E aí eles [os músicos] fazem uma gag: ‘Não tem televisão”’, exemplifica Márcio.
      Outros Horizontes – Plataformas importantes para a divulgação de qualquer espetáculo, mídias como a internet e a televisão tiveram papel ainda mais agudo na popularização desse tipo de peça. Elas não só ajudaram a divulgar como serviram de base para aumentar o sucesso dos improvisadores. Primeiro, porque muitos deles começaram na web. E outros tantos acabaram aterrissando na TV, realizando programas próprios. Um impulso para vários festivais, como o de São Paulo, recentemente. “Por causa da internet e de alguns grupos que conquistaram espaço na televisão, achamos que o Festival (FIMPRO) deveria acompanhar esse movimento", declarou, à época, Assis Benevenuto, curador do Festival Internacional de Improvisação, em entrevista ao Jornal da Tarde.
     O teatro serve, muitas vezes, como prova para tamanho ceticismo dos que questionam se o roteiro é mesmo criado na hora.  “Acho bom quando as pessoas não acreditam. Sinal de que está sendo bem feito. No teatro é muito mais quente e feito na hora. Está ali, na sua cara, não há como negar”, defende Mariana Molina, colaboradora do Portal Improvisando. Sem negar a importância das mídias eletrônicas, ela acredita que só o teatro tem a liberdade necessária. “Por mais teatral que saiam as apresentações na hora da gravação, os editores vão escolher a piada mais pronta, a frase mais feita, o trocadilho mais baixo. No teatro você fala palavrão sem censura, discute e tira sarro de qualquer tema que você quiser.”

Nem tudo é improviso
Tempo à prática e ao estudo são necessários, mas não garantem perfeição. O que nem sempre é ruim.

    Diferente do que o nome possa sugerir, a improvisação está longe de ser uma arte que não exige treinamento, antes das apresentações. O ator Márcio Ballas se preparou para subir aos palcos. Antes de ganhar fama como improvisador, estudou até fora do país. Na França se tornou um palhaço teatral. De volta ao Brasil trabalhou em projetos como o “Doutores da alegria”, ao lado de vários daqueles que formaram com ele o primeiro trabalho como improvisador. “Foi um grande aprendizado. A gente já era palhaço há uns sete anos. Já éramos acostumados a ter que improvisar”, revela.
    Para a professora de teatro da UFMG Mariana Muniz a improvisação, mesmo feita na hora, precisa ser muito bem trabalhada. “Ela só acontece se o ator-improvisador tiver um treino muito acurado da escuta, da capacidade de adaptação, do desenvolvimento de soluções de problemas e de estrutura narrativa.”

Vantagem – Curadora do FIMPRO em Belo Horizonte, o principal do gênero no Brasil, Mariana Muniz acredita que o país está à frente em um importante aspecto.  “Viajo muito e conheço muitos espetáculos de improvisação. Grande parte dos improvisadores no Brasil tem formação também como atores, o que possibilita uma qualidade diferenciada nos espetáculos”. A preparação, no entanto, está longe de garantir a perfeição. Muitas vezes ajuda na compreensão de que o improviso é mesmo improviso. “Tem um lugar que o espectador precisa entender que aquilo foi criado. Ele vai rir porque não deu certo”, confessa Márcio Ballas. Erros não só são permitidos, como muitas vezes contribuem para a consolidação do trabalho. “Em um mundo em que só o sucesso parece importar, o público pode ver um bando de atores dispostos também a errar na frente de todos.”, filosofa Mariana Muniz.


Iguais na ascensão, diferentes no formato e preparação
Gêneros cobiçados pelas TVs, e que viraram sucesso na internet, são confundidos por espectadores.

    Por serem trabalhos que ganharam impulso na internet e passaram a ser cobiçados também pela TV, a improvisação e o stand-up são confundidos por muitos espectadores.  Uma das diferenças mais evidentes é a utilização de texto. No segundo, o ator ou humorista escreve previamente os roteiros. Mariana Molina ressalta ainda a sensibilidade do trabalho que cada um deles provoca no espectador. “O que deve ser entendido pelo grande público é que a improvisação não tem a obrigação [apenas] de te fazer rir. Têm o poder de te fazer rir, chorar, refletir e ás vezes provocar todas essas sensações juntas num único espetáculo”.

IMPROVISO:

•    Não é um gênero teatral voltado apenas para humor, apesar da enorme ascensão recente do gênero. Envolve poucos adereços da estrutura física do teatro para sua criação, mas em algumas ocasiões é necessário utilizar alguns objetos para a criação ou auxílio de algum número diferenciado;
•    Há alguns casos em que também são utilizadas outras vestimentas (como é o caso do grupo Jogando no Quintal, em que todo mundo se fantasia de palhaço). O estilo de humor feito no improviso é sempre mais debochado e mais manso, voltado para qualquer tipo de idade. Não é à toa que é oriundo dos atores circenses. O improviso se utiliza da perspicácia do ator em cena;
•    Ele precisa agir rápido e criar uma desenvoltura para se sobressair nas situações que são impostas, em grande parte, pelos espectadores ali presentes. Apesar de ser feito na hora, o improviso também exige um treinamento prévio, mas nada é decorado. O treino é feito apenas para desenvolver as habilidades para agir e pensar rápido.


STAND-UP:
   
•    Show necessariamente de humor, totalmente decorado e feito previamente pelo humorista que vai se apresentar. Não se utiliza de qualquer tipo de adereço, seja ele roupas, vestimentas, cenário, iluminação, efeitos sonoros, ou especiais. O humor é mais escrachado e debocha de situações corriqueiras do cotidiano, de famosos, e faz críticas a sociedade de maneira sutil, voltada ao humor;
•    Geralmente, no Brasil, o gênero de Stand-up é feito para adultos, pois envolve um conteúdo mais censurado e não aconselhável para crianças.
•    Nos Estados Unidos, o Stand-up cresceu com temas mais polêmicos e envolvia política, assuntos raciais, escatológicos e o cotidiano. Chegou ao Brasil, naquela mesma época, mas não era igual ao Stand-up atual.





 Márcio Ballas comandando uma apresentação do "Jogando no Quintal"

Um comentário:

  1. Vamos lá:

    -Pontuação: no século XV, na Itália;
    -Pronome – substituir o anafórico: Eles participam ativamente;
    -Verbo dicendi: Todo mundo tem que ver e ser visto”, revela; caipirinha”, confessa; também a errar na frente de todos”, filosofa Mariana Muniz;
    -Explicar melhor: “Quando eu vou lá para o público e faço uma pergunta: ‘Quem tem filho? Quem tem mais de quatro filhos? ’ E aí eles [os músicos] fazem uma gag: ‘Não tem televisão”’, exemplifica Márcio;
    -Grafia e explicação da sigla: “Por causa da internet e de alguns grupos que conquistaram espaço na televisão, achamos que o Festival Internacional de Improvisação (Fimpro) deveria acompanhar esse movimento", declarou, à época, Assis Benevenuto, curador do Fimpro, em entrevista ao Jornal da Tarde;
    -Preposição: Tempo para a prática e para o estudo são necessários;
    -Adequação: fizeram com ele o primeiro trabalho como improvisador;
    -Pontuação: Para a professora de teatro da UFMG, Mariana Muniz, a improvisação;
    -Sugiro explicar melhor a fala: “Tem um lugar que o espectador precisa entender que aquilo foi criado. Ele vai rir porque não deu certo”;
    -Deixar no singular, seguindo o sujeito da frase anterior: Tem o poder de te;
    -Singular: roupa, vestimenta, cenário, iluminação, efeito sonoro, ou especial;
    -Crase: e faz críticas à sociedade de maneira sutil (-1);
    -Pontuação: para crianças(;).

    Nota: 24/25.

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