segunda-feira, 2 de maio de 2011

Espaço para o espetáculo

Escolas abrem teatros em suas dependências para apresentações artistas

Por Gislainy Borges e Rômulo Abreu


 
"O Teatro é um templo, onde o altar é o palco e o ator é o sacerdote; e onde a arte cênica é reverenciada através do aplauso dos fiéis espectadores”. O famoso verso de Dilson de Oliveira Nunes serve para explicar um dos principais motivos que levou a sociedade a apreciar essa arte.
Em Belo Horizonte escolas particulares introduziram o teatro em seus espaços, alguns para a participação escolar e outros, aberto ao público com a exibição de peças comerciais. De acordo com a historiadora, Rita de Cássia, alguns teatros de iniciativa privada são relevantes para o panorama cultural da cidade, como os teatros Santo Agostinho, Izabella Hendrix, Santa Dorotéia e Dom Silvério. Todos esses com grandes auditórios, possuem também em comum,  origem religiosa e européia. O Colégio Santo Agostinho pertence à ordem agostiniana e o colégio Santa Dorotéia, que além de possuir origem religiosa é  italiano.
O Teatro Dom Silvério, construído em 1995, com estilo clássico, relembra os grandes teatros do século XX. É considerado o local com maior número de atividades artísticas da cidade, por ter as suas atividades associadas à casa de show Chevrolet Hall. Grandes artistas do cenário nacional e internacional já passaram pelo local. O Espaço, como conta a programadora do teatro, Maria Carolina Costa, abriu suas portas com o propósito de atender à demanda do colégio Dom Silvério. Hoje, de acordo com Maria Carolina, o teatro é administrado por outra empresa, mas mantêm vínculos com a escola.
“Atualmente a administração do teatro e do Chevrolet Hall são desvinculadas da administração do colégio, mas têm uma relação de cumplicidade já que fazem parte de uma mesma instituição”, esclarece Maria Carolina. A programadora salienta que o teatro inclui até hoje em seu cronograma aulas de teatro, exibição de filmes e outras atividades extraclasses que são realizados em parceria com o Colégio Dom Silvério.
Enquanto alguns teatros como o Dom Silvério se desvinculam do colégio e ganham características comerciais, por outro lado, há o colégio Santa Dorotéia, que fez o caminho inverso. Localizado na região sul da capital o teatro se desligou em 2007 completamente dos circuito comercial da cidade e passou a ser usado exclusivamente de forma pedagógica.

Desde 2007 a escola passou a gerenciar o local 

Para o professor de teatro, Marcelo de Oliveira, a iniciativa da escola em fechar o teatro ao público externo e dedicar-se somente aos alunos, surgiu da dificuldade da instituição em apresentar seus próprios projetos. O professor diz que o teatro estava sempre ocupado com peças que não pertenciam ao colégio. Para Oliveira a mudança de postura da escola se deve a percepção da  relevância pedagógica do teatro: “O teatro é a arte da coletividade. Vivemos em sociedade e necessitamos manter relações sociais. O trabalho teatral é coletivo e ele resulta, no caso das escolas, não só na sala de aula, mas também durante a vida desses meninos e meninas”, frisa.

Segundo o chefe de palco do Teatro Santo Agostinho, Juliano Ventura, os “teatros-escolas” são importantes para a cidade, pois são mais uma opção de espaços culturais e, além disso, aliam o que é feito no palco com as atividades dos colégios. “Há uma troca de saberes, de experiências e quem sai ganhando são as pessoas que tem a oportunidade de conhecer e participar desse universo”, afirma. Mas esses espaços enfrentam problemas como conta Ventura. O maior deles diz respeito à ausência de estrutura e equipamentos. O chefe de palco cita outros problemas como a falta de investimentos e leis que ajudem a manter esses espaços
O diretor de ação cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Rodrigo Barroso, também acredita que a maior dificuldade é a infraestrutura desses teatros nas escolas. Segundo o diretor a maioria das escolas possuem auditórios e não teatros. Para Barroso falta investimentos e adequações técnicas como sonorização, dimensão de palco de maneira a transformar esses locais em espaços artísticos.  “Mas acima de qualquer dificuldade, o que falta é uma mudança de comportamento da população que ainda vê os teatros como espaços elitizados”, conclui.
 Arte para transformar

Construído em 2000, o teatro do colégio Santa Dorotéia desenvolve projetos relevantes na área pedagógica. A princípio, o auditório da instituição de ensino era utilizado para práticas artísticas e já foi palco de diversas peças conhecidas do público em Belo Horizonte, como “Feliz Cidade”, “Azarado” e o infantil “Mogli, o menino lobo”. No entanto, a direção da escola despertou para a realização de trabalhos voltados para a comunidade acadêmica, como parte da formação de seus alunos. Uma tentativa promissora de usar a arte para lapidar o caráter daqueles que têm o futuro em suas mãos.
Os projetos fazem parte de atividades extracurriculares
Desde sua inauguração, o teatro foi administrado por uma empresa que tratava de abrigar o cenário artístico da capital mineira em seus palcos e coxias, não considerando o conteúdo dos espetáculos. A partir de 2007 a escola passou a gerenciar o local, com o intuito de adequar e restringir as peças às tradições da instituição, que tem fundamentos cristãos.
Estabelecendo um maior contato com o universo teatral, o colégio foi percebendo a importância das artes cênicas na orientação pedagógica de seu corpo discente e viu ali uma oportunidade de agregar à grade curricular da entidade conteúdos que aproximassem os alunos desta expressão cultural. A área pedagógica da escola começou a desenvolver várias adaptações de obras literárias, nas quais os estudantes pudessem participar da concepção da peça. Os projetos são oferecidos gratuitamente e são atividades extracurriculares.
O professor Marcelo Oliveira, que leciona no Santa Dorotéia a nove anos, explica que a proposta do colégio é contribuir na formação do caráter das crianças e jovens, como uma alternativa para preparar o indivíduo para as relações coletivas. “Problemas de relacionamento e acompanhamento pedagógico nesse sentido é bem diferente em outras escolas. Em outras escolas trabalha-se a técnica para apresentar o espetáculo e nós trabalhamos o individuo para o coletivo.”
Hoje, noventa jovens estão envolvidos com as produções. No fim de 2010, os mesmos representaram espetáculos baseados em clássicos como “No país dos Prequetés” de Ana Maria Machado e “Viagem ao Céu”, de Monteiro Lobato.


Teatro como agente social

A missão social do colégio Santa Dorotéia vai além da formação de seus alunos. Há uma preocupação em favorecer crianças com menos oportunidades de acesso cultural e por esse motivo, a escola desenvolve atividades em parceria com a comunidade do Morro do Papagaio, uma das maiores favelas de Belo Horizonte.
Uma equipe de profissionais do Santa Dorotéia oferece oficinas de teatro para alunos do ensino fundamental da região carente e apresenta às crianças o mundo fascinante dos clássicos de Willian Shakespeare. O projeto está concebendo vários clássicos do dramaturgo inglês e os atores são meninos de oito a doze anos.
Professores são capacitados para guiar os jovens no teatro
O plano da instituição é ousado. O envolvimento de jovens que, não raro enfrentam uma dura realidade desde os primeiros anos de vida, com as artes é um método de combate preventivo à violência, que costuma fazer essas pessoas personagens/vítimas de suas tramas. Mas para trabalhar o caráter de cada indivíduo, a escola busca preparar aqueles que terão o desafio de cuidar dessas vidas. Para tanto, professores são capacitados para que tenham condições de guiar os jovens através do teatro, a fim de orientá-los em como lidar com o perfil psicológico e os variados tipos de comportamento de cada criança.
O professor Marcelo Oliveira comenta os resultados desse trabalho e frisa que o foco da escola é preparar o cidadão no aspecto individual, com o objetivo de desenvolver a personalidade e fortalecendo os vínculos sociais e até mesmo a capacidade de expressão e interação. “Apesar de ter um trabalho voltado para o individuo e sua formação, esse trabalho é coletivo e resulta na sala de aula. Esse é o diferencial. A nossa função é desenvolver no indivíduo técnicas de teatro para que ele desenvolva na sala de aula para apresentar um bom trabalho e melhorar a comunicação”.

Um comentário:

  1. Vamos lá:

    -Checar o itálico da formatação do primeiro parágrafo;
    -Anafórico com erra de Gênero: algumas; outras abertas ao público para (-1);
    -Pontuação: De acordo com a historiado Rita de Cássia;
    -Pontuação: Todos esses com grandes auditórios possuem (-1);
    -Pontuação e ortografia: possuem também em comum sua origem religiosa e europeia;
    -Adequação: e o colégio Santa Doroteia, além de possuir origem religiosa, é italiano;
    -Concordância: o teatro é administrado por outra empresa, mas mantém vínculos (-1);
    -Concordância: a administração do teatro e do Chevrolet Hall é desvinculada da administração do colégio (-1);
    -Concordância de gênero: atividades realizadas;
    -Pontuação: a iniciativa da escola em fechar o teatro ao público externo e dedicar-se somente aos alunos surgiu da;
    -Pontuação e crase: Para Oliveira, a mudança de postura da escola se deve à percepção da relevância pedagógica (-1);
    -Concordância: são as pessoas que têm;
    -Adequação: que leciona no Santa Dorotéia há nove anos (-1);
    -Concordância: “Nesse sentido, problemas de relacionamento e acompanhamento pedagógico são bem diferentes em outras escolas. Há aquelas em que se trabalha a técnica para apresentar o espetáculo. Nós trabalhamos o individuo para o coletivo.”;
    -Pontuação: “No país dos Prequetés”, de Ana Maria Machado; e “Viagem ao Céu”, de Monteiro Lobato;
    -Pontuação e adequação: O envolvimento com as artes de jovens que, não raro, enfrentam uma dura realidade desde seus primeiros anos de vida é um método de combate preventivo à violência, que costuma fazer dessas pessoas personagens/vítimas de suas tramas.

    Nota: 19/25.

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