terça-feira, 3 de maio de 2011

Um vazio superficial

Ana Beatriz von Sucro  e Juliana Vallim

Com seu estilo ímpar, suas tramas trazem superficialidade com toques femininos aos personagens. A cineasta Sofia Coppola conquistou os jovens os tocando em seus pontos fracos.

Perto de completar seus 40 anos, dia 14 de maio, Sofia Coppola já se mostra um pouco mais madura em seu último longa, premiado pelo Leão de Ouro no Festival de Veneza. Um Lugar Qualquer (EUA, 2010) conta a história de um ator super  famoso de Hollywood, Johnny Marco (Stephen Dorff), que vive sozinho no hotel Chateau Marmont, em Los Angeles. Até o momento em que precisa cuidar da filha de 11 anos, Cleo (Elle Fanning). Com uma vida vazia e contornada de futilidades, a diretora mais uma vez insere, em Johnny Marco, sua marca de conflito existencial, sempre visto em seus personagens. Como uma certa preferência do público jovem, devido a esse amadurecimento de Coppola, seu último filme não foi bem aceito por essa faixa etária. A estudante de cinema Ana Clara Rios, de 23 anos, comenta sobre essa transição: “Sofia perdeu um pouco da atmosfera fotográfica característica de seu estilo. Em que a meu ver, parecia mais inocente e insegura. Ao contrário deste último filme, em que quase como um acerto de contas com seu pai, essa atmosfera se mostra mais crua.” Coppola faz aqui um filme quase autobiográfico. Sendo ela mesma filha de um diretor famoso, Francis Ford Coppola, reflete em Cleo o sentimento de solidão que deveria sentir quando seus pais viajavam a trabalho e a deixavam sozinha. Ou então, quando o pai a levava em suas viagens.
A diretora e roteirista sempre optou por esse universo de personagens com confrontos internos, como no caso do filme Encontros e Desencontros (EUA, 2003), em que retrata a esposa (Scarlett Johansson) de um fotógrafo bem sucedido no Japão. Ela se sente sozinha e vazia, até conhecer um ator famoso em decadência (Bill Muray), que também possui um conflito interno. O interessante é que em uma entrevista blog Omelete, Sofia contou que escreveu ao mesmo tempo Um lugar qualquer e Encontro e Desencontros. Dois filmes bem parecidos, mas com grau de maturidades diferentes, mostradas até nos próprios personagens.
Com todo esse mundo conflituoso que Sofia apresenta em todos os seus filmes, o jovem é o público que mais abraça as tramas. Ataídes Braga, crítico de cinema do Estado de Minas, explica a identificação dessa faixa etária: “ela é mais receptiva ao público jovem, porque fala de problemas comuns a eles, como a insegurança, comportamento, atitudes e a solidão. Em geral, sofrem suas consequências na atual sociedade contemporânea.”
A diretora tem uma identificação com suas personagens, suas apostas, crises e uma definição clara do que esperar delas. Segundo Ataídes, “os filmes de Sofia não são feministas. mas sim, femininos.” Pois Sofia não faz filmes com intenção de reivindicar os direitos das mulheres, ou seu espaço e lugar. E sim, filmes com uma sutileza e minúcias, que conectam o público aos personagens.  
Sofia Coppola é especialista em falar de pessoas que estão vivendo dentro de uma redoma de privilégios, mas que não tem o menor controle da vida delas de fato. Como o astro meio decadente que Bill Murray interpretava em Encontros e Desencontros (EUA, 2003). Ou a própria Maria Antonieta, a rainha que não conseguia decidir nada. Assim como o ator hollywoodiano Johnny Marco, que não decide aonde vai, nem o que vai fazer.
A partir desses pontos e personagens que Coppola pega seu público alvo, nessas semelhanças com o mundo e a cabeça dos jovens, em que sempre está faltando algo.  Como disse Ataídes Braga “uma geração repleta de questionamentos”.

 crítico de cinema Ataídes Braga

Sofia combinadinha

Faz pouco tempo que a queridinha dos descolados confirmou seu quinto-longa metragem, “Secret Door” (Porta Secreta) e, sem nenhuma surpresa, as velhas parcerias estão de volta. Kirsten Dunst e Sofia Coppola estão novamente juntas e pela terceira vez. A atriz americana que se destacou em Virgens Suicidas (2000), com cara de novinha e sorte de lux, angariou um bocado de fãs para a então iniciante Sofia. Seis anos mais tarde, Kirsten reaparece como Maria Antonieta para a alegria de muitos fashionistas e  pesar de alguns críticos e fãs. Como se não fosse o bastante, Sofia não fecha parcerias só com Dunst. Seus atmosféricos filmes são permeados por trilhas sonoras fantásticas, que são produzidas sempre por bandas de primeira linha. O duo francês Air é um exemplo legítimo, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel produziram a trilha original para o filme de estréia de Kristen com Sofia. E, na moderna Maria Antonieta, Air aparece novamente na ficha técnica do filme como produção musical, entretanto, dessa vez, inserem somente uma música de autoria própria nos dois CDs do filme. Já no longa lançado recentemente, Somewhere (Em um lugar qualquer) - que nada tem a ver com Dunst - a diretora combina músicas com seu marido, que também é integrante da famosa e francesa banda Phoenix. Os caras assinam toda a produção musical da história de Johnny Marco e sua filha Cleo.

Álbum produzido pelo Air para o filme Virgens Suicidas 


Desviante biográfica
Sofia sempre arruma um jeitinho – que poderia ser brasileiro – de se inserir na cena de suas personagens femininas, superficiais e oprimidas por um vazio existencial enorme. Não é preciso dizer do mundo que a cerca desde pequena, muito menos sobre o pai que tem e, também não é preciso muito esforço pra tentar imaginar sua vida. Entretanto, fatos curiosos chamam atenção dos espectadores ao notarem a marca dessa nova geração Coppola: Em “Maria Antonieta” Sofia, quase que drasticamente, fecha os olhos para dados cruciais da história da corte real francesa. A trama se desenrola somente diante da personagem central e toda a superficialidade, luxos, luxúrias e mundo colorido em que ela vivia, deixando de lado a vida fora do palácio, conta o estudante de cinema Eduardo Giffoni. Sofia omite fatos que desnorteiam o espectador: Luís XVI e Maria Antónia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, depostos e guilhotinados, por exemplo. E, apesar de desagradar a francesada toda em Cannes, traços de sua personalidade vão se moldando a cada nova película; Charlotte sem saber o que fazer da vida; Maria Antonieta desesperada pra ser aceita; a angústia pulsante das virgens suicidas e a superficialidade e incomunicabilidade de Johnny.
Sofia Coppola em set de filmagem




Um comentário:

  1. Vamos lá:

    -Adequação: A cineasta Sofia Coppola conquistou os jovens, tocando em seus pontos fracos;
    -Preposição: premiado com o Leão de Ouro;
    -Adequação: Com uma vida vazia e permeada por futilidades;
    -Concordância: sua marca de conflito existencial, sempre vista em seus personagens (-1);
    -Preposição: Com uma certa preferência do público jovem;
    -Rever e refazer, tornando a fala compreensível: “Sofia perdeu um pouco da atmosfera fotográfica característica de seu estilo. Em que a meu ver, parecia mais inocente e insegura. Ao contrário deste último filme, em que quase como um acerto de contas com seu pai, essa atmosfera se mostra mais crua.”;
    -Preposição: em uma entrevista do blog Omelete;
    -Rever a forma gráfica de títulos de filmes;
    -Pontuação: são feministas, mas femininos (-1);
    -Concordância: em falar de pessoas que estão vivendo dentro de uma redoma de privilégios, mas que não têm o menor (-1);
    -Adequação: A partir desses pontos e personagens, Coppola pega seu público alvo;
    -Pontuação: Como disse Ataídes Braga, “uma geração repleta de questionamentos”;
    -Adequação: confirmou seu quinto longa-metragem;
    -Rever: sorte de lux;
    -Ortografia: estreia;
    -Pontuação: musical. Entretanto;
    -Pontuação: o pai que tem e, também, não é preciso muito esforço pra tentar imaginar sua;
    -Pontuação: dessa nova geração Coppola. Em “Maria Antonieta”, Sofia;
    -Colocar aspas, em caso de citação direta, ou introduzir com alguma coisa tipo “Para o estudante...”, em caso de citação indireta: Em “Maria Antonieta” Sofia, quase que drasticamente, fecha os olhos para dados cruciais da história da corte real francesa. A trama se desenrola somente diante da personagem central e toda a superficialidade, luxos, luxúrias e mundo colorido em que ela vivia, deixando de lado a vida fora do palácio, conta o estudante de cinema Eduardo Giffoni;
    -Melhorar a frase: Sofia omite fatos que desnorteiam o espectador: Luís XVI e Maria Antónia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, depostos e guilhotinados, por exemplo;
    -Pontuação: nova película: Charlotte sem saber.

    Nota: 22/25.

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